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Transtornos de ansiedade: tipos, sintomas, causas e tratamento

Marta Thomen Bastardas
Por Marta Thomen Bastardas, Psicóloga. Atualizado: 8 janeiro 2020
Transtornos de ansiedade: tipos, sintomas, causas e tratamento

Sofrer ansiedade em nossa sociedade é uma resposta natural muito frequente do nosso organismo, devido à velocidade diária à que estamos sujeitos. No entanto, essa resposta natural e transitória do nosso corpo pode se prolongar e se tornar um transtorno psiquiátrico. Atualmente, é um dos principais motivos de consulta médica e, diante disso, devemos nos perguntar como posso diferenciar a ansiedade como resposta normal de uma ansiedade patológica? Para responder a essa pergunta, continue lendo este artigo de Psicologia-Online, onde explicaremos os transtornos de ansiedade: tipos, sintomas, causas e tratamento.

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O que é ansiedade?

A ansiedade é uma resposta do nosso corpo, a qual é ativada diante da percepção de uma ameaça, em certas situações. Diante das diferentes circunstâncias que geram ansiedade, a resposta emocional que é despertada será diferente em função do estímulo que a provoca e estará vinculada à sentimentos de medo, nervosismo, preocupação e/ou inquietação.

Diferença entre ansiedade e transtorno de ansiedade

A ansiedade como emoção ou resposta natural será transitória, desaparecendo quando o estímulo ameaçador não estiver presente, ao contrário, na ansiedade como transtorno, a resposta emocional pode ser mantida, mesmo sem a presença do estímulo, de forma antecipatória e o medo que é sentido em relação a esse estímulo será excessivo, devido ao perigo real que apresenta.

O que são transtornos de ansiedade

Os transtornos de ansiedade são um grupo de transtornos psicopatológicos que têm em comum uma manifestação excessiva da ansiedade.

Transtorno de ansiedade: definição

Um transtorno de ansiedade é definido como uma resposta de nosso organismo desproporcional ao estímulo à que responde, ou seja, é caracterizado por um medo excessivo e, diante desse medo incapacitante, a pessoa busca evitar a situação ou objeto que lhe provoca esse medo. A ansiedade, em termos psiquiátricos, pode ser prolongada ao longo do tempo.

Os intensos sentimentos de ansiedade que surgem, ocasionam interferências na vida cotidiana da pessoa, afetando as suas atividades diárias, de modo que propiciam mudanças comportamentais associadas. Geralmente, a ansiedade tende a estar associada a um estímulo ou situação específica, dando lugar aos diferentes transtornos de ansiedade, tais como: transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade social, de ansiedade por separação, agorafobia, transtorno do pânico, o mutismo seletivo e as fobias simples.

Transtornos de ansiedade: sintomas

Ao existir diferentes apresentações da ansiedade como transtorno psiquiátrico, os sintomas podem variar em função dos diferentes transtornos. No entanto, entre eles existe uma sintomatologia compartilhada, agrupada em sintomas físicos, psicológicos, intelectuais ou cognitivos e sociais.

  1. Físicos: pode ocorrer um aumento do ritmo cardíaco, hiperventilação, transpiração, tremores, sensação de fadiga, problemas gastrointestinais e distúrbio do sono.
  2. Psicológicos: o sintoma mais representativo dos transtornos de ansiedade é o medo do estímulo apresentado, além disso, do medo de perder o controle, medo de morrer, a necessidade de evitar a situação temida, sensações de perigo e ameaça e incerteza ou insegurança. No artigo a seguir, você pode ver especificamente o que é o medo para a psicologia.
  3. Comportamentais: as pessoas que sofrem um transtorno de ansiedade estão em constante estado de alerta e hipervigilância. Além disso, podem apresentar impulsividade, agitação motora ou hiperatividade. Também manifestam mudanças na expressividade corporal, bem como na linguagem corporal, aparecendo posturas rígidas, movimentos imprecisos e mudanças na voz.
  4. Intelectuais ou cognitivos: a elevada ansiedade apresentada causa dificuldades para se concentrar ou prestar atenção, bem como alterações na memória. Por outro lado, tendem a apresentar pensamentos de caráter irracionais e negativos, assim como catastróficos.
  5. Sociais: a ansiedade tende a afetar a esfera social, devido ao medo que a pessoa sofre, ela tende a se mostrar irritável e se bloqueia ao falar, devido a isso acaba aparecendo uma tendência ao isolamento.

Classificação dos transtornos de ansiedade

Como mencionado anteriormente, existem diversos tipos de transtornos de ansiedade, os quais apresentaremos brevemente a seguir.

Transtornos de ansiedade DSM-V

De acordo com o DSM-V, os tipos de transtornos encontrados dentro dos transtornos de ansiedade são os seguintes:

  • Transtorno de ansiedade generalizada
  • Transtorno de ansiedade social (fobia social)
  • Transtorno de ansiedade por separação
  • Agorafobia
  • Transtorno do pânico
  • Mutismo seletivo
  • Fobias específicas
  • Transtorno de ansiedade induzido por substâncias/medicamentos
  • Transtorno de ansiedade devido a outra condição médica
  • Outros transtornos de ansiedade específicos e não específicos

Transtornos de ansiedade CID-10

Por outro lado, na CID-10, os transtornos de ansiedade são denominados de transtornos neuróticos, secundários às situações estressantes e somatomórficas, sobre os quais podemos encontrar:

  • Transtorno de ansiedade fóbica, na qual inclui a agorafobia, com ou sem ataques de pânico, a fobia social e a fobia específica.
  • Transtorno do pânico.
  • Transtorno de ansiedade generalizada.
  • Transtorno misto ansioso-depressivo.
  • Transtorno obsessivo-compulsivo.
  • Reações à estresse grave e transtornos de adaptação.
  • Transtornos dissociativos (de conversão)
  • Transtornos somatomorfos
  • Outros transtornos de ansiedade específicos e não específicos

Transtornos de ansiedade: tipos

Como pudemos observar, existem diversos tipos de transtornos de ansiedade, em vista disso, vejamos mais cuidadosamente:

  1. Transtorno de ansiedade generalizada: no transtorno de ansiedade generalizada, o medo persistente que a pessoas sente não se concentra em um único estímulo, pois pode apresentar uma excessiva preocupação com várias situações e/ou objetos.
  2. Transtorno de ansiedade social: neste caso, a ansiedade concentra-se nas situações sociais, onde a pessoa sente um intenso medo sobre a interação com os demais e sobre as situações sociais. Por isso, tende a se comportar com timidez, ansiedade e pode levar ao isolamento. Por outro lado, podem aparecer sentimentos de vergonha, medo de ser julgado e/ou inseguranças.
  3. Transtorno de ansiedade por separação: este transtorno tende a aparecer na infância e é caracterizado por um medo persistente à separação com seus entes queridos, geralmente as figuras paternas.
  4. Agorafobia: este tipo de ansiedade refere-se ao medo irracional de frequentar lugares ou situações nas quais escapar delas pode ser difícil ou embaraçoso. As pessoas que sofrem desse transtorno têm um intenso medo de não poder obter ajuda no caso de sofrer um ataque de pânico ou elevados níveis de ansiedade. Portanto, tendem a se isolar em casa. Se você acha que apresenta tais sintomas, você pode realizar o teste de agorafobia com um profissional.
  5. Transtorno do pânico: muitos dos transtornos de ansiedade podem desencadear um ataque de pânico, mas este estaria associado ao estímulo fóbico. No entanto, o transtorno do pânico é caracterizado pelo aparecimento súbito de um ataque de terror, sem a apreciação de um perigo aparente, onde a pessoa sente que está perdendo o controle.
  6. Mutismo seletivo: o mutismo seletivo está relacionado com a incapacidade de poder falar em determinadas circunstâncias ou situações, sem a ocorrência de uma incapacitação em outras ocasiões. Tende a aparecer na infância, causando problemas de nível escolar.
  7. Fobias simples: este tipo de ansiedade refere-se à ansiedade provocada por um estímulo específico, como por exemplo: viajar de avião, as aranhas, ... a ansiedade aparece quando ocorre esse estímulo fóbico, na realidade, em antecipação ou imaginação. No artigo a seguir aparecem diferentes tipos de fobias.
  8. Transtorno de ansiedade induzido por substâncias/medicamentos: os sintomas de ansiedade aparecem produzidos pelo consumo de uma substância ou medicamento.
  9. Transtorno de ansiedade devido a outra condição médica: os sintomas de ansiedade são subjacentes a uma condição médica.
  10. Transtorno misto ansiedade-depressão: este transtorno acontece perante a presença de sintomas depressivos e ansiosos, de forma combinada, sem que um prevaleça sobre o outro. É muito frequente a comorbidade entre ambos os transtornos.
  11. Transtorno obsessivo-compulsivo: o transtorno obsessivo compulsivo (TOC) ocorre diante da recorrência de pensamentos obsessivos, sobre as quais a pessoa tem a necessidade de aliviar a ansiedade que essas cognições produzem com compulsões, como rituais. Por exemplo, uma pessoa que tem um medo excessivo de germes, para combater essa ansiedade, sente a necessidade de lavar e desinfectar as mãos cada vez que aperta a mão de alguém ou toca algum objeto da rua.
  12. Reações à estresse grave e transtornos de adaptação: este transtorno ocorre diante da existência de um acontecimento vital estressante, uma mudança vital ou circunstâncias desagradáveis, que diante dos altos níveis que derivam destas situações, é produzido um transtorno de adaptação para elas.
  13. Transtornos dissociativos (de conversão): os transtornos dissociativos ocorrem diante de elevados níveis de ansiedade psicológica grave, sobre o qual a pessoa se separa de sua própria consciência, memória, entorno, ações e identidade, se separa da sua realidade por um período breve de tempo, de forma involuntária.
  14. Transtornos somatomorfos: caracteriza-se por uma preocupação excessiva sobre os próprios sintomas apresentados, investindo grande parte do seu tempo nestes sintomas. Essa preocupação persiste mesmo que você já tenha sido informado da inexistência de uma doença física.
  15. Outros transtornos de ansiedade específicos e não específicos: esse termo é utilizado em ansiedades e fobias que cumprem critérios para serem denominadas de transtorno de ansiedade, mas não suficientes para serem caracterizados em uma classificação específica.

Transtornos de ansiedade: causas

Anteriormente, os transtornos de ansiedade eram causalmente relacionados com fatores intra-psíquicos, porém, atualmente é sabido que podem ser diferentes os fatores que causam tais transtornos. As causas dos transtornos de ansiedade mais comuns são:

  1. Fatores biológicos: foi estabelecido uma vulnerabilidade biológica que é relacionada com uma maior probabilidade de sofrer transtorno de ansiedade, sendo mais representativa no transtorno do pânico, do TOC e da fobia social.
  2. Fatores psicossociais: os estressores psicossociais desempenham um dos papéis mais importantes nos transtornos de ansiedade, como fatores causais. Os diferentes problemas que nós enfrentamos em nosso dia a dia, como problemas econômicos, de casal, com amizades, duelos, ... são as principais causas do aparecimento de tais transtornos.
  3. Fatores traumáticos: os acontecimentos traumáticos, tais como estupro, acidentes graves, ... tendem a produzir elevados níveis de ansiedade, geralmente evocando um transtorno de ansiedade.
  4. Fatores cognitivos e comportamentais: os transtornos de ansiedade aparecem antes de um conjunto de pensamentos irracionais, e diante deles são desencadeadas um conjunto de ações comportamentais. Essas cognições negativas, distorcidas, irracionais e excessivas, podem desencadear um transtorno de ansiedade.
  5. Condicionamento: pela aprendizagem de respostas ou comportamentos de outras pessoas, também podem desenvolver os transtornos de ansiedade.

Transtornos de ansiedade: tratamento

O tratamento dos transtornos de ansiedade poderá ser diferente em função do tipo de transtorno de ansiedade apresentado. No entanto, há um conjunto de elementos comuns que se desenvolvem em todas as suas intervenções. A terapia que provou ter um resultado mais efetivo para o tratamento dos transtornos de ansiedade é a terapia cognitivo-comportamental (TCC).

A TCC tem o objetivo de converter os pensamentos irracionais sobre o estímulo temido, em pensamentos saudáveis e mais limitado à realidade, com a técnica da reestruturação cognitiva, a qual tem a finalidade de substituir estes pensamentos automáticos negativos, por outros mais positivos e, com isso, reduzir os níveis de ansiedade que aparecem diante de tais pensamentos.

Por outro lado, trabalha com técnicas de relaxamento, a fim de reduzir os níveis de estresse e ansiedade associados ao medo determinado.

Deve-se acrescentar que transtornos como as fobias simples mantêm tratamentos específicos, como a técnica de exposição gradual, que consiste em expor à pessoa ao estímulo temido progressivamente e por isso é estabelecida uma lista de hierarquias que vão desde a abordagem ao estímulo fóbico mais simples, até que a pessoa seja capaz de enfrentar o medo diretamente.

Uma técnica complementar a qualquer terapia é a prática do mindfulness, cujo objetivo é prestar atenção ao presente. Ajuda a diminuir a antecipação, constante característica da ansiedade.

Além disso, em muitas ocasiões é necessária a terapia psico-farmacológica, com medicamentos tais como os antidepressivos ou os ansiolíticos.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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maria cristiani
Sou uma pessoa que tem na genética histórico de depressão da minha mãe, fui adolescente com inúmeros problemas e percas, sofri abuso, tive filha com 17 anos, mãe solteira, casei com Alemão, sou de origem brasileira, e sofri racismo, e relacionamento á base de conflitos, em 2017 surtei, parei psiquiatra, e não consigo superar ou esquecer o passado.
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