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O que é o medo para a psicologia

 
Anna Badia Llobet
Por Anna Badia Llobet, Psicóloga e redatora. Atualizado: 14 outubro 2019
O que é o medo para a psicologia

Todo mundo já sentiu a sensação paralisante que produz o medo, é uma emoção completamente normal e natural em muito animais, incluindo os seres humanos. Mas, às vezes pode converter-se em um obstáculo, nesse artigo de Psicologia-Online sobre o que é o medo para a psicologia, vamos explicar o que é o medo, como funciona, para que serve e como diferenciar o medo "bom" e o medo "mau". Você também descobrirá as principais técnicas psicológicas para superar o medo.

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O que é medo?

O medo é uma das emoções básicas, considerada primária e universal. Ele é uma emoção que gera grandes consequências sobre o organismo e que pode ser encontrado em todas as culturas que já foram estudadas. O medo nasce no cérebro, que origina a reação de alarme ao organismo. A principal estrutura cerebral que se encarrega da resposta ao medo é a amígdala.

Em algumas situações, sentir medo pode ser muito desagradável, por isso, foi associado a uma emoção negativa. No entanto, está longe da realidade, afinal, sentir emoções sempre é positivo seja ela qual for. Todas as emoções, bem reguladas e administradas são boas para as pessoas. Todas as emoções têm um porquê e exercem uma função.

Para que serve o medo?

Como mencionamos anteriormente, o medo está presente em todos os seres humanos. É um mecanismos para adaptar as pessoas ao entorno e aos perigos envolventes, sua função é proteger diante de situações de risco. O medo se ativa quando detecta uma ameaça, fazendo com que você encontre maneiras de sair da situação. Essa ameaça pode ser sua integridade física ou sua vida, bem como sua reputação, autoestima ou segurança, em função das ideias e crenças que você tenha a respeito. Dessa forma, o medo é uma emoção que reage de acordo com os seus filtros mentais, ou seja, o medo te ajuda a se afastar de um acontecimento que você não está preparado para enfrentar.

O que aconteceria se não existisse medo? Como dito antes, o medo tem a função fundamental de assegurar a sobrevivência, se as pessoas não tivessem medo iam morrer. Sem medo, as pessoas atuariam de forma imprudente e colocariam suas vidas em risco, por isso, provavelmente iam morrer. Por essa razão, o medo tem uma grande importância pois atua como regulador da conduta, avisando dos perigos.

Tipos de medo segundo a psicologia

O medo, por si só, é positivo e imprescindível mas, em algumas ocasiões pode ser um problema. Quando o medo é um problema? No momento em que o tipo de medo que você sentir for desfuncional, quer dizer, quando a situação gerada não é de perigo, quando a consequência de sentir esse medo é ainda pior para você do que aconteceria se você não tivesse sentido medo. Por isso, é possível diferenciar dois tipos de medo:

  • Medo funcional: é ativado diante de um perigo real e ajuda a sobreviver. O medo funcional é adaptativo porque permite ajustar o seu comportamento as situações, visando o seu benefício. Esse medo é útil pois faz com que você esteja em alerta diante de uma situação que implica algum risco e age em seu benefício nas situações perigosas. Por exemplo, quando você deixa de caminhar em uma estrada, pela beirada de um abismo ou o que te faz ir ao médico.
  • Medo disfuncional: esse é o tipo de medo que atrapalha a sua vida e o seu desempenho normal. Não é adaptativo nem útil para as pessoas, por exemplo, quando existe um forte medo de aviões e você não usa esse tipo de transporte, a consequência é um maior tempo de deslocamento, além de ser mesmo menos cômodo. Esse medo não se deve unicamente a um perigo real, se não, ao conjunto de experiências e crenças que formam o filtro cognitivo de um pessoa, através do qual se observa e interpreta a realidade.

Como superar o medo: técnicas psicológicas

Como superar o medo? É importante saber o que o medo não desaparece pois é uma emoção necessária que vive com as pessoas mas, é possível aprender a utilizá-lo ao seu favor. As técnicas da terapia cognitivo-comportamental são eficazes para aprender a regular e administrar as emoções de forma adaptativa, incluindo o medo. Os pontos importantes para superar o medo são:

Reestruturação cognitiva para superar o medo

Em primeiro lugar, é preciso ter em conta as crenças irracionais para que o filtro cognitivo permita uma interpretação mais adaptativa da realidade. Isso se consegue detectando os pensamentos automáticos e as crenças irracionais, questionando-as e substituindo-as por pensamentos mais adaptativos.

Enfrentamento

Por outro lado, é preciso deixar de evitar as situações para não reforçar, perpetuar e agravar o medo. Diante de um medo disfuncional, a situação ativa uma sensação de medo intensa e incômoda. Quando você evita uma determina situação, automaticamente diminui o mal estar, essa sensação de relaxamento e diminuição do mal estar, serve para reforçar o comportamento de evitação. Essa é a maneira pela qual o medo se reforça, se mantém e, inclusive, se agrava, generalizando com o passar do tempo. Por esse motivo, é importante gerir corretamente o medo desfuncional o quanto antes, para que não se transforme em uma fobia. Existem diferentes técnicas psicológicas para enfrentar o medo, as mais utilizadas são:

  • Técnica da exposição: consiste em expor-se de uma forma controlada e prolongada ao estímulo que ativa o medo até que diminua a ativação. A exposição pode ser em imaginação, ao vivo ou mediante a dispositivos tecnológicos de realidade virtual. Não apensas se deve expôr-se aos estímulos, mas também aos próprios sintomas que se produz a atividade psicofisiológica (aumento do ritmo cardíaco e respiratório, suor, tremor, entre outros) para não desenvolver medo do próprio medo.
  • Dessensibilização sistemática: consiste em expor-se aos estímulos ansiógenos de forma gradual e progressiva, de acordo com com uma lista hierarquizada previamente estabelecida, com o objetivo de reduzir a ativação psicofisiológica.

Saiba mais a respeito dos medos nesse artigo de Psicologia-Online sobre coulofobia ou medo de palhaço: sintomas, causas e tratamento

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • André, C. (2006). Psicologia Del Miedo/The Psychology of the Fear: Temores, Angustias Y Fobias/Fright, Anguish and Phobias. Editorial Kairós.
  • Capafons, J. I. (2001). Tratamientos psicológicos eficaces para las fobias específicas. Psicothema, 13(3).
  • Fernández-Abascal, E. G., Rodríguez, B. G., Sánchez, M. P. J., Díaz, M. D. M., & Sánchez, F. J. D. (2010). Psicología de la emoción. Editorial Universitaria Ramón Areces.

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