O que é misofonia: causas, sintomas e tratamento
Mascar chicletes, ouvir o som dos ponteiros do relógio, o pisar de uma pessoa, a respiração e o estalo dos dedos são alguns exemplos de situações que podem desencadear a misofonia. Este quadro clínico consiste em uma sensibilidade auditiva que gera uma reação negativa a sons cotidianos. Muitas pessoas sofrem dessa condição, e seus efeitos causam um deterioramento na qualidade de vida que pode perdurar ao longo do tempo.
Ao longo dos anos, é possível que percebamos um desconforto progressivo frente a ruídos e sons que fazem parte da vida. Em vez de acreditar que se trata de um estado passageiro, é importante considerar as manifestações principais para chegar a uma solução efetiva. Para isso, devemos contar com dados precisos e eficazes. Neste artigo de Psicologia-Online, iremos fornecer informações sobre o que é a misofonia: causas, sintomas e tratamento.
Causas da misofonia
Para ter um diagnóstico correto, uma das maneiras mais práticas consiste em investigar as origens do problema. Essa abordagem nos permitirá conhecer mais detalhes e pensar em tratamentos eficazes. A seguir, falaremos sobre as causas mais comuns:
Fatores orgânicos
Muitas pessoas apresentam alterações no sistema nervoso central, o que modifica o processamento da informação auditiva proveniente de estímulos externos. Nesse sentido, é possível que o tímpano e/ou o ouvido interno estejam afetados, gerando uma maior sensibilidade a sons cotidianos.
Por outro lado, problemas em áreas específicas, como a amígdala ou o córtex auditivo, podem interferir na audição. Dentro dos fatores orgânicos, não devemos esquecer de considerar os antecedentes genéticos que podem se manifestar em pessoas com esse quadro clínico.
Fatores ambientais
As experiências desagradáveis vividas na infância têm uma influência notável nos comportamentos do presente. Por essa razão, devemos considerar traumas infantis que possam estar associados à audição de sons que causam desconforto, medo e/ou incerteza.
Dessa maneira, se desenvolve uma resposta emocional e física que pode afetar a vida cotidiana.
Fatores sociais
As pressões sociais, o estresse diário, as normas e obrigações podem resultar em um transtorno na audição. Além disso, devemos considerar os preconceitos sociais que podem ocorrer em qualquer lugar. No próximo artigo, explicamos "Como reduzir o estresse".
Sintomas da misofonia
Para detectar a tempo essa problemática, é fundamental que nos enfoquemos nas manifestações físicas, emocionais e comportamentais mais habituais. Aqui falaremos sobre os principais sintomas:
- Hipersensibilidade auditiva a sons cotidianos;
- Desconforto;
- Irritabilidade;
- Evitamento de situações sociais;
- Isolamento social;
- Ansiedade;
- Tensão muscular;
- Sudorese excessiva;
- Respiração ofegante;
- Aumento da frequência cardíaca;
- Dores de cabeça;
- Náuseas e/ou vômitos.
Apesar de tal descrição, é imprescindível que o diagnóstico seja feito por um profissional de saúde mental especializado no tema. Para isso, são levados em conta aspectos como a idade, o sexo, os antecedentes genéticos, doenças preexistentes, presença de outros transtornos de saúde mental, contexto social e cultural, entre outros.
Tratamento da misofonia
Apesar das dificuldades que a misofonia ocasiona, existem métodos práticos e eficazes para melhorar a qualidade de vida. Essas abordagens possuem alta eficácia em pacientes diagnosticados. A seguir, destacaremos os principais tratamentos:
- Utilize elementos canceladores de ruído: alguns materiais, como tampões de ouvido, minimizam o impacto dos sons cotidianos;
- Terapia psicanalítica: consiste em um espaço que convida à reflexão sobre problemas pessoais. Dentro da terapia psicanalítica, estabelece-se uma frequência de sessões para abordar os sintomas mais relevantes da misofonia. O objetivo desse tratamento é trabalhar situações infantis que podem estar relacionadas aos problemas atuais da pessoa. Dessa forma, é possível abordar as causas inconscientes que envolvem os sons cotidianos, permitindo uma perspectiva diferente frente à vida. A psicanálise é uma das terapias mais efetivas e de longa duração;
- Terapia cognitivo-comportamental: trata-se de um método que trabalha nas emoções, pensamentos e comportamentos que causam os sintomas próprios da misofonia. Para isso, organiza-se um esquema de trabalho no qual são planejadas atividades específicas que buscam resolver o problema. Em vez de falar do passado, a terapia cognitivo-comportamental possui uma duração breve;
- Farmacoterapia: em casos graves que envolvem risco à vida, a administração de medicamentos psiquiátricos pode ser uma opção recomendada. No entanto, é fundamental a supervisão de um profissional de saúde mental;
- Pratique mindfulness: a técnica de mindfulness pretende alcançar um foco pleno nos estímulos do presente. Para isso, deve-se contar com um local relaxante que isole os sons ambientais. Após um tempo determinado, a pessoa deve ser capaz de controlar sua respiração e alcançar um nível ótimo de relaxamento mental. Dessa forma, é possível desvalorizar sons cotidianos que poderiam afetar a autoestima;
- Modificação do ambiente: as mudanças de moradia podem ajudar a controlar os sintomas da misofonia. Se a pessoa vive em um ambiente barulhento, é preferível optar por espaços silenciosos.
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Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
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- Godoy Domínguez, M.J. (2019). La misofonía en clave estética. Revista de Filosofía THEMATA, 60 (2), 35-48.