Carga alostática: o que é e como funciona
O corpo humano vai se transformando ao longo do tempo e as situações que cada pessoa passa vai modelando seu desenvolvimento, como exemplo, temos os momentos estressantes que alteram o organismo. É certo que cada pessoa é diferente, e não podemos deixar passar despercebido que a adaptação às mudanças é uma qualidade indispensável na vida, sem a qual seria impossível se recuperar do mal-estar e das frustrações do dia a dia.
Diante dos desencontros da vida, o corpo desenvolveu a carga alostática para poder se recompor com mais eficiência dos momentos adversos. Se você deseja saber em que ela consiste, quais tipos existem e quais são seus efeitos, neste artigo de Psicologia-Online falaremos sobre a carga alostática: o que é e como funciona.
O que é a carga alostática
A carga alostática é conhecida como um estado do corpo humano que se manifesta depois de ter estado exposto a um fator estressante e que desencadeia uma série de processos internos. Falando de outra forma, se o ser humano não consegue recuperar seu estado de equilíbrio, ou homeostase, depois de ter estado submetido ao estresse, então fica exposto à carga alostática.
Diante a essa conjuntura, o organismo tem a tendência de se adaptar às mudanças exteriores e interiores que pode experimentar ou que acontecem ao seu redor. Assim, quando o corpo trata de se recuperar de uma situação estressante, mas não consegue porque o fator estressante segue ativo, o organismo se acostuma a viver com essa sobrecarga. Dessa forma, é gerado um novo estado de equilíbrio na qual a capacidade para suportar o estresse é menor.
Neste sentido, com o estado de equilíbrio alterado, uma situação estressante que antes pouco afetava o corpo, pode provocar uma reação muito mais forte.
Efeitos da carga alostática
A carga alostática se manifesta de diversas formas em nosso corpo. A seguir, iremos mostrar os principais efeitos da carga alostática:
- Nível cardiovascular: o impacto da carga alostática se vê refletido na aparição de doenças que afetam o coração. Por sua vez, pode incentivar o surgimento de infartos e alterações no sistema cardiovascular.
- Nível cerebral: a alostática pode trazer consequências como estresse crônico, aumento dos níveis do cortisol e pensamentos incoerentes, entre outros.
- Nível psicológico: existem certos transtornos mentais que podem se manifestar devido a exposição à carga alostática. Entre eles, destacam-se a depressão, os transtornos de ansiedade, certas dificuldades alimentares e desregulações do sono, entre outros.
Quando alguns desses efeitos se manifestam, é necessário ir ao médico para ser avaliado por um profissional de saúde especializado.
Tipos de carga alostática
Existem diferentes tipos de sobrecarga alostática. É importante fazer uma distinção precisa para saber reconhecer as diferentes problemáticas que estamos lidando em cada caso. Por este motivo, vamos mostrar quais são os diferentes tipos de sobrecarga alostática:
- Primero nível de carga alostática: surge quando aparece um fator estressante em uma situação específica. Quando aumentam os níveis de estresse neste contexto, o organismo produz uma resposta que pode gerar consequências desfavoráveis para o mesmo.
- Segundo nível de carga alostática: os fatores estressantes se mantêm ativos durante um tempo mais longo. Diferente do primeiro tipo, a duração prolongada dos fatores estressantes produz alterações no sistema nervoso.
- Terceiro nível de carga alostática: os fatores estressantes não param seus efeitos em nenhum momento, o que faz com que a carga alostática se eleve de forma permanente. Nestes casos, acaba sendo difícil reduzir seus efeitos.
- Quarto nível de carga alostática: surge quando as respostas do organismo ao estresse não são eficazes. Nestes casos, o organismo tenta compensar a falta de resposta ativando outros setores não vinculados à gestão do estresse. No entanto, isso provoca alterações físicas ainda mais graves.
Como é possível observar, a diferença entre os tipos de carga alostática resulta na intensidade e durabilidade de cada um deles.
Como reduzir sua carga alostática
Como é possível observar, a carga alostática pode ter efeitos prejudiciais para o corpo. Por este motivo, é indispensável contar com métodos para diminui-la. Neste parágrafo iremos te explicar como reduzir sua carga alostática:
- Exercício físico: tem sido mostrado que realizar alguma atividade física reduz os níveis de estresse e/ou ansiedade, porque são liberadas substâncias químicas que relaxam o organismo.
- Terapia psicológica: o fato de falar com um profissional de saúde mental sobre as preocupações que geram estresse ajuda a diminuir seus efeitos, porque se encontram possíveis soluções para enfrentar os fatores estressantes. Neste artigo você encontrará exemplos de técnicas psicológicas para acabar com o estresse.
- Alimentação saudável: o consumo de nutrientes que relaxam o sistema nervoso central reduz a carga alostática. Neste sentido, é conveniente recorrer a um profissional especializado para realizar uma dieta saudável ajustada às necessidades de cada pessoa.
- Atividades de ócio: ter tempo para si mesmo/a, fora das obrigações diárias é muito benéfico para o corpo e a mente. Hábitos como a leitura, a escrita ou os encontros sociais ajudam a reduzir a alostase.
Exemplos de carga alostática
Para entender melhor esta problemática, compilamos alguns exemplos de carga alostática:
- Demissão do trabalho: um homem vai para seu trabalho. Um dia chega ao escritório e seu chefe informa que ele foi demitido por causa de uma redução de pessoas. Essa situação produz um nível de estresse muito elevado que o organismo tentará compensar de alguma forma. No entanto, essa situação deixará um alto nível de carga alostática que será necessário ser reduzido de alguma forma para evitar problemas de saúde.
- Trabalho na polícia: uma mulher trabalha na polícia e realiza entrevistas a pessoas detidas diariamente. Este tipo de trabalho produz uma carga alostática sustentada pelo tempo, já que os níveis de estresse aos quais está submetida são altos durante muito tempo. Vale destacar que o fato de falar com pessoas detidas pode dar lugar para a ansiedade, medo ou angústia, entre outros sintomas.
Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
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- Lemos, M. (2015). La teoría de la alóstasis como mecanismo explicativo entre los apegos inseguros y la vulnerabilidad a enfermedades crónicas. Revista Anales de Psicología, 31 (2), 452-461.
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