Psicologia clínica

Como diferenciar infarto de ansiedade

 
Iván Piquero
Por Iván Piquero, Psicólogo. Atualizado: 11 outubro 2023
Como diferenciar infarto de ansiedade

Muitos pacientes que sofrem ataques de ansiedade sentem que vão acabar sofrendo também um infarto. É certo que os sintomas de ambos os casos podem ser muito parecidos e podem ser, portanto, facilmente confundidos. Devemos levar em conta que os sintomas de um infarto podem ser muito variáveis entre os pacientes, tornando sua detecção mais complexa e provocando ainda mais confusão entre as diferenças entre ansiedade e infarto.

Embora tenham sintomas similares, é certo que ambos os quadros são completamente diferentes quanto a suas causas e suas consequências. Você sabe qual é a diferença entre um ataque de ansiedade e um infarto? Para aprofundar neste assunto, continue lendo este artigo de Psicologia-Online no qual expomos Como diferenciar infarto de ansiedade. Explicamos tudo o que você precisa saber para diferenciar e saber se se trata de infarto ou ansiedade.

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Índice

  1. Crise de ansiedade pode causar infarto?
  2. Como a ansiedade afeta o coração
  3. Ansiedade, ataque de pânico e infarto de miocárdio
  4. Sintomas físicos da ansiedade
  5. Quando é ansiedade e quando é infarto: 7 diferenças

Crise de ansiedade pode causar infarto?

A crise de ansiedade, por si só, não causa um infarto (ataque cardíaco). No entanto, a ansiedade crônica e severa pode contribuir para o desenvolvimento de problemas cardíacos em pessoas com fatores de risco preexistentes. Vou explicar melhor:

  • Estresse e Ansiedade Crônica: o estresse crônico e a ansiedade podem levar a comportamentos e hábitos prejudiciais à saúde, como o consumo excessivo de álcool, tabagismo, falta de exercício e má alimentação, que são fatores de risco para doenças cardíacas.
  • Sistema Nervoso Autônomo: durante uma crise de ansiedade aguda, o sistema nervoso autônomo é ativado, levando ao que é conhecido como "resposta de luta ou fuga". Isso pode aumentar temporariamente a frequência cardíaca e a pressão arterial. Embora isso não seja, por si só, suficiente para causar um ataque cardíaco, em pessoas com problemas cardíacos preexistentes, isso pode representar um risco.
  • Indivíduos com Risco: pessoas que já têm fatores de risco significativos para doenças cardíacas, como hipertensão, diabetes, colesterol alto ou histórico familiar de problemas cardíacos, podem estar mais suscetíveis a problemas cardíacos durante episódios de ansiedade extrema.
  • Síndrome do Coração Partido: além disso, existe uma condição chamada "síndrome do coração partido" (também conhecida como cardiomiopatia de takotsubo), que pode ser desencadeada por eventos emocionalmente estressantes, como a perda de um ente querido ou uma crise de ansiedade. Essa síndrome pode imitar os sintomas de um ataque cardíaco, mas é reversível na maioria dos casos.

Portanto, embora uma crise de ansiedade em si não seja uma causa direta de um infarto, é importante que pessoas com ansiedade crônica ou que enfrentam crises de ansiedade graves consultem um profissional de saúde mental e um médico para gerenciar a ansiedade e monitorar a saúde cardíaca, especialmente se tiverem fatores de risco cardíaco preexistentes. O tratamento adequado da ansiedade e a adoção de um estilo de vida saudável podem ajudar a reduzir o risco de problemas cardíacos.

Como a ansiedade afeta o coração

A ansiedade tem efeitos nocivos no corpo humano, especialmente no coração, o principal órgão responsável por distribuir sangue para outras partes do corpo. A fim de evitar complicações maiores, mostramos a seguir como a ansiedade afeta o coração:

  • Frequência cardíaca elevada;
  • Respiração ofegante;
  • Dores súbitas no peito;
  • Tremores;
  • Nervosismo;
  • Agitação corporal;
  • Palpitações.

Na presença de qualquer um desses sintomas, é fundamental procurar um médico para que o profissional de saúde avalie o estado clínico da pessoa. Esse profissional será responsável por descartar ou confirmar fatores psicológicos que possam afetar o funcionamento do sistema cardiovascular. Em casos graves, esses indicadores são considerados sinais de alerta para que a pessoa aqueles em seu entorno atuem a tempo.

Em relação a esse tema, você pode se interessar pelo artigo Falta de ar por ansiedade: como tratá-la.

Ansiedade, ataque de pânico e infarto de miocárdio

O dicionário de psicologia da Associação Americana de Psiquiatria define a ansiedade como uma emoção que se caracteriza por apreensão e sintomas somáticos de tensão. Em um plano mais cognitivo, inclui a antecipação de um perigo, uma catástrofe ou uma desgraça iminente, motivo pelo qual o corpo se prepara para fazer frente a tal ameaça.

Mesmo que um ataque de ansiedade (entendido como uma manifestação aguda de seus sintomas) possa aparecer em diferentes quadros, o ataque de pânico é um dos quadros no qual os sintomas ansiosos a nível fisiológico são mais representativos. Neste artigo falamos sobre os transtornos de ansiedade, causas e tratamentos adequados.

Por outro lado, quando falamos de infarto, geralmente nos referimos ao infarto de miocárdio. Por isso e pelo anteriormente exposto, neste artigo nos referiremos objetivamente aos ataques de pânico quando falamos de ataques de ansiedade e quando falarmos de infarto estaremos nos referindo ao infarto de miocárdio especificamente.

Sintomas físicos da ansiedade

Devido ao fato de que podemos confundir e nos perguntar se é infarto ou ansiedade, já que os sintomas se parecem, vamos nos concentrar neste tópico. Como já apontamos, nos concentraremos nos sintomas do transtornos de pânico, entre os quais se incluem:

  • Suor.
  • Tremor.
  • Sensação de sufocamento e dificuldade para respirar.
  • Dor ou desconforto no tórax.
  • Palpitações ou alteração da frequência cardíaca.
  • Náuseas ou mal-estar abdominal.
  • Calafrios ou sensação de calor.
  • Sensação de dormência ou formigamento.
  • Despersonalização.
  • Medo de perder o controle e medo de morrer.

Os sintomas que constituem este quadro levam os pacientes a ter a sensação de que acabarão tendo um infarto. No entanto, se utilizarmos a definição da Associação Americana de Psiquiatria exposta anteriormente, a ansiedade é uma resposta que, mesmo que desmedida, prepara o corpo para enfrentar uma ameaça iminente. Após algum tempo, a resposta da ansiedade começará a diminuir. Portanto, um ataque de ansiedade não provoca um infarto e tampouco a morte.

Longe dos danos físicos que podem vir associados, o perigo que a alta ativação fisiológica, ou os ataques de ansiedade, estão mais associados à dimensão psicológica: associar situações a tal ativação desproporcional. Isto faz com que possam surgir problemas e/ou transtornos de ansiedade.

Quando é ansiedade e quando é infarto: 7 diferenças

Como saber se é um infarto ou ataque de ansiedade? A seguir veremos o que se sente quando um ataque de ansiedade ocorre e como diferenciá-lo de um infarto.

Diferença de causa

Mesmo que esta diferença não nos ajudará especialmente a diferenciar um do outro quando notamos os sintomas, é certo que é a diferença mais relevante.

Como apontamos, a ansiedade consiste em uma resposta de alta ativação diante da percepção de uma ameaça iminente. O corpo se prepara para fazer frente a tal ameaça.

Não tem nada a ver com o infarto, o que ocorre quando o fluxo sanguíneo diminui devido principalmente a uma ruptura do vaso sanguíneo ou a uma obstrução deste.

Diferença de temporalidade

Preparar o corpo para fazer frente a ameaças implica em um gasto energético importante. Após um período de tempo, a resposta de ansiedade tende a diminuir.

Por outro lado, uma obstrução dos vasos sanguíneos ou uma ruptura destes provocará lesões que não tendem a diminuir com tempo, mas justamente o contrário. As consequências serão piores quanto mais tempo o fluxo sanguíneo fique interrompido.

Diferença de consequências

Como já adiantávamos, um infarto pode chegar a provocar problemas graves devido à falta de irrigação sanguínea, chegando até mesmo a provocar a morte.

As consequências de um ataque de ansiedade geralmente não englobam danos físicos, mesmo que a aparição recorrente de tais ataque pode sim ir provocando, com o passar do tempo, danos no sistema vascular. Como apontamos anteriormente, as consequências dos ataques de ansiedade geralmente podem estar mais relacionadas com o aspecto psicológico.

Diferenças de sintomas

Tendo em conta que os sintomas de ambos os quadros são muito parecidos, existem algumas diferenças que podem nos ajudar a diferenciar a descobrir se é infarto ou ansiedade:

  • A dor: o sintoma predominante do infarto do miocárdio é a dor, uma dor intensa e súbita no centro do peito e que se irradia para outras partes. Pelo contrário, se surge incômodo ou dor em um ataque de ansiedade este geralmente não é tão grave e se limita à sensação de picada.
  • A localização da dor: as picadas dos ataques de ansiedade são perfeitamente concretas e localizáveis. De forma diferente, a dor do infarto tipicamente tende a se irradiar para o ombro, braço esquerdo, zona mandibular esquerda e até mesmo a zona central das costas.
  • Evolução e melhora: os sintomas ansiosos diminuem quando a pessoa aplica técnicas de desativação ou relaxamento. Isto não acontece nos casos de infarto, nos quais a dor tende a se intensificar com o tempo e não remite nem mesmo com as mudanças posturais.
  • Sintomas característicos: por último, existem sintomas que aparecem mais característicos no infarto, como a fadiga, até mesmo em situações de repouso; e outros mais característicos no ataque de ansiedade, como o adormecimento ou formigamento nas extremidades ou a despersonalização.

Sabendo as diferenças entre infarto e ansiedade, você poderá diferenciar estes episódios. Diante de dúvida, o melhor é procurar o serviço médico de urgências.

Por último, neste artigo você encontrará como controlar uma crise de ansiedade.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA (2020). APA Dictionary of Psychology. Recuperado de https://dictionary.apa.org
  • ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA (2014). DSM-5. Guía de consulta de los criterios diagnósticos del DSM-5-Breviario. Madrid: Editorial Médica Panamericana.
  • GARCÍA-PALACIOS, A., Botella, C., Osma, J. y Baños, R.M. (2014). Trastorno de pánico y agorafobia. En Caballo, V.E., Salazar, I.C. Y Carrobles, J.A. (2014) Manual de Psicopatología y Trastornos Psicológicos. Madrid. Pirámide.
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