Psicologia clínica

Pessoas bipolares são inteligentes?

 
Alejandro Garcia Mingrone
Por Alejandro Garcia Mingrone. Atualizado: 23 agosto 2023
Pessoas bipolares são inteligentes?

A inteligência é uma variável que não está diretamente relacionada às pessoas bipolares. Em outras palavras, não há evidências científicas que sustentem a existência de um tipo de inteligência superior à média da população de seres humanos que não tenham sido diagnosticados com transtorno bipolar. Apesar disso, diversas pesquisas têm demonstrado que o desenvolvimento de certas capacidades cognitivas pode influenciar o surgimento de problemas de saúde mental, como a bipolaridade. Assim, é necessário realizar uma revisão clara dos processos fisiológicos envolvidos no processamento de informações provenientes de estímulos externos. Atualmente, há uma grande confusão em torno desse tema e persistem dúvidas sobre a incidência desse diagnóstico.

Mas afinal, bipolares são inteligentes? Neste artigo de Psicologia-Online, vamos responder a todas as suas dúvidas sobre o assunto.

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Índice

  1. Quem tem transtorno bipolar é inteligente?
  2. Como o transtorno bipolar afeta a inteligência
  3. Como aumentar minha inteligência sendo bipolar

Quem tem transtorno bipolar é inteligente?

Na verdade, não existem evidências científicas e/ou empíricas que sustentem que o transtorno bipolar aumenta o coeficiente intelectual. No entanto, alguns episódios de mania podem ser confundidos com uma maior capacidade associativa, reflexiva e intuitiva.

No entanto, isso não significa que a pessoa tenha níveis de inteligência superiores. Por essa razão, passar por períodos de pensamentos recorrentes e ideias inovadoras representa apenas um momento específico da doença.

Critérios diagnósticos do transtorno bipolar

O transtorno bipolar corresponde a um quadro clínico delimitado de acordo com o DSM-V[1], que deve atender a uma série de critérios diagnósticos. São eles:

  • Episódios alternados de mania e depressão;
  • A mania envolve uma fuga de ideias, aumento da distração e participação em atividades arriscadas;
  • A depressão provoca uma diminuição do interesse em atividades prazerosas, fadiga e pensamentos de morte ou suicídio;
  • A duração varia entre 3 e 6 meses;
  • As alterações não podem ser explicadas pela presença de outros transtornos mentais ou pelo uso de substâncias tóxicas e/ou medicamentos.

O diagnóstico deve sempre ser realizado por um profissional de saúde mental, que será responsável por avaliar o estado clínico da pessoa que apresenta essas dificuldades. Neste artigo, você encontrará mais informações sobre como identificar uma pessoa bipolar.

Como o transtorno bipolar afeta a inteligência

O transtorno bipolar afeta a inteligência daqueles que sofrem com essa condição por meio de uma série de processos fisiológicos. Neste tópico, mostraremos as modificações que ocorrem:

  • Redução do tamanho das áreas corticais: o tamanho das áreas corticais dos lobos parietal, frontal e temporal é menor em pessoas com esse tipo de alteração em comparação àquelas que não possuem essas alterações;
  • Níveis elevados de dopamina: durante os períodos de mania, observou-se que o aumento da dopamina é ainda maior do que o normal. Isso resulta em uma comunicação neuronal mais rápida no sistema nervoso central;
  • Redução nos níveis de serotonina: durante as fases de depressão, foi constatado que o funcionamento da serotonina diminui consideravelmente. Como resultado, é comum observar uma queda no desempenho da inteligência como função;
  • Impacto nos níveis de concentração: os níveis de concentração, atenção e memória são afetados tanto durante a mania quanto na depressão. Isso ocorre principalmente devido a uma diminuição no processamento de informações externas devido a dificuldades nas conexões sinápticas. Aqui explicamos como melhorar a concentração.
Pessoas bipolares são inteligentes? - Como o transtorno bipolar afeta a inteligência

Como aumentar minha inteligência sendo bipolar

Embora o coeficiente intelectual não apresente uma relação direta com a bipolaridade, existem estratégias voltadas para o desenvolvimento de habilidades específicas. A seguir, explicamos como você pode potencializar sua inteligência se for bipolar:

  • Fazer terapia psicológica: buscar a ajuda de um profissional de saúde mental ajuda a implementar estratégias para lidar com situações de estresse, ansiedade e/ou de uma forma mais agradável. É importante ressaltar a relação única entre mania, depressão e inteligência;
  • Estimulação cerebral: realizar atividades que envolvam esforço cognitivo contribui para uma maior produção de substâncias químicas. Isso pode incluir práticas como leitura, resolução de problemas lógicos de matemática, aquisição de novas habilidades, entre outras;
  • Gerenciamento do estresse: a variabilidade de humor é um dos grandes problemas desse transtorno. Portanto, é essencial aprender a controlar o estresse gerado em várias situações. O uso de técnicas de relaxamento muscular progressivo e meditação pode proporcionar um grande alívio. Dominar a tensão nervosa fornecerá o suporte necessário para potencializar a inteligência;
  • Cuidado com a saúde física: manter uma alimentação saudável e uma rotina de exercícios físicos ajuda a manter um equilíbrio tanto corporal quanto mental. Esse equilíbrio proporcionará as condições necessárias para ter energia mental e desenvolver a inteligência.
Pessoas bipolares são inteligentes? - Como aumentar minha inteligência sendo bipolar

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. Asociación Estadounidense de Psiquiatría (2013). Manual Diagnóstico y Estadístico de los trastornos mentales (5.ª edición). Arlington: Editorial Médica Panamericana.
Bibliografia
  • Bertieri Arcila, H., De la Rosa, A., Lemos Buitrago, R. (2020). Funciones cognitivas en la descendencia de pacientes con trastorno bipolar I. Revista Médica de Risaralda, 26 (2), 110-122.
  • Romero, E. (2012). Revisión de aspectos neurocognitivos del trastorno bipolar. Revista Subjetividad y Procesos Cognitivos, 16 (2), 146-164.
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