Psicologia clínica

Ambivalência afetiva: o que é, causas, sintomas e tratamento

 
Alejandro Garcia Mingrone
Por Alejandro Garcia Mingrone. 2 agosto 2022
Ambivalência afetiva: o que é, causas, sintomas e tratamento

Dispor de um amplo repertório de sentimentos faz parte do padrão geral da maioria das pessoas. Dentro de uma mesma situação, podemos sentir raiva, tristeza, alegria, medo, entre outros, mas o que acontece quando experimentamos mais de uma emoção ao mesmo tempo?

Mesmo essa qualidade geralmente sendo frequente em muitas pessoas, pode se tornar uma situação complexa se começar a prejudicar as relações sociais, vínculos afetivos e áreas de funcionamento profissional. Quer saber mais sobre isto? Neste artigo de Psicologia-Online, te daremos informações sobre a ambivalência afetiva: o que é, causas, sintomas e tratamento.

Índice

  1. O que é a ambivalência afetiva
  2. Causas da ambivalência afetiva
  3. Sintomas da ambivalência afetiva
  4. Tratamento da ambivalência afetiva

O que é a ambivalência afetiva

Um dos primeiros aspectos a se considerar para saber o que é ambivalência afetiva reside em compreender do que falamos exatamente quando nos referimos a esse conceito. Em linhas gerais, podemos definir a ambivalência afetiva como um estado de humor caracterizado pela presença de dois ou mais sentimentos de forma simultânea. Em termos mais simples, uma pessoa com ambivalência afetiva é capaz de sentir amor e ódio ao mesmo tempo. Este conceito foi classificado pelo DSM-V[1] dentro do transtorno geral da personalidade.

É importante destacar que deve ser cumprida uma série de critérios diagnósticos para elaborar um diagnóstico adequado:

  • Dificuldade no controle dos impulsos
  • Deterioramento das relações profissionais, sociais e familiares
  • Padrão perdurável no tempo que repercute no modo de pensamento e comportamento
  • Modalidade de comportamento inflexível
  • O início pode se originar durante a adolescência e persistir durante vários anos da vida
  • As alterações não podem ser explicadas pela presença de outro transtorno mental nem pelos efeitos de uma substância e/ou medicamento

Causas da ambivalência afetiva

Conhecer as origens que dão lugar às características da ambivalência afetiva é crucial na hora de estabelecer ferramentas para resolver os possíveis conflitos. Entre as causas mais relevantes no desenvolvimento da ambivalência afetiva podemos destacar:

  • Fatores ambientais: são as experiências traumáticas do passado que determinam os padrões de comportamento, pensamento e emoção das pessoas. É possível que a pessoa com ambivalência afetiva tenha vivido situações nas quais houvesse experimentado emoções intensas ao mesmo tempo se alguma pessoa do entorno familiar possuísse essa classe de qualidades, mais tarde replicadas pela pessoa ambivalente. A imitação é uma condição com uma importância no desenvolvimento da personalidade.
  • Fatores genéticos: a herança genética interfere na maneira de responder das pessoas diante dos estímulos que são apresentados. Existem diversas áreas dentro do córtex cerebral que estão associadas ao processamento emocional. Desta maneira, é possível que se ativem certas conexões neuronais com maior intensidade diante de determinadas situações.

Sintomas da ambivalência afetiva

A ambivalência afetiva apresenta uma série de manifestações visíveis tanto no plano físico como no emocional e comportamental de uma pessoa que podem repercutir no desenvolvimento de suas atividades cotidianas. Conhecer estes sinais pode nos ajudar a detectar este estado para começar a procurar tratamentos efetivos e enfrentar as consequências da ambivalência afetiva.

Alguns dos sintomas mais importantes da ambivalência afetiva são:

  • Incerteza
  • Pensamentos repetitivos
  • Ira
  • Medo
  • Ansiedade
  • Mal-estar estomacal
  • Sudorese excessiva
  • Palpitações
  • Tremores
  • Respiração entrecortada
  • Aumento da frequência cardíaca
  • Tonturas
  • Náuseas e/ou vômitos
  • Presença de duas ou mais emoções de forma simultânea sobre uma pessoa, objeto e/ou situação específica

Cabe destacar que a presença de um ou mais sintomas não implica necessariamente que estejamos diante de uma pessoa que tenha ambivalência afetiva. É imprescindível que o diagnóstico seja levado a cabo por um profissional da saúde mental que avalie as condições clínicas de cada paciente segundo suas necessidades e exigências.

Tratamento da ambivalência afetiva

Atualmente dispomos de tratamentos que demonstraram ter uma eficácia notável diante desta problemática. A seguir os explicamos duas opções para abordar um quadro clínico de ambivalência afetiva.

Terapia psicológica

A psicoterapia consiste em um espaço que dá a possibilidade de que a pessoa possa refletir sobre seus pensamentos, emoções e comportamentos associados aos sintomas que manifesta. Por um lado, as terapias de curta duração tentam estabelecer recursos e ferramentas que sejam úteis ao paciente para abordar situações que dão lugar à ambivalência afetiva.

A terapia curta mais reconhecida é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Por outro lado, as terapias de duração mais prolongada buscam a origem dos sintomas a partir das lembranças de situações da infância que estejam vinculadas ao quadro. Isto possibilita agir de forma diferente em momentos de estresse e/ou ansiedade. Aqui podemos indicar a psicanálise como o tratamento mais importante.

Medicação psiquiátrica

E, casos graves que manifestem séries consequências no desenvolvimento da vida cotidiana, existe a possibilidade de recorrer à medicação psiquiátrica. Estes medicamentos produzem modificações nas conexões neuronais associadas ao processamento emocional.

Logicamente, é importante ter clareza de que a medicação psiquiátrica somente deve ser utilizada sob a supervisão de um profissional da saúde mental.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. Asociación Estadounidense de Psiquiatría. (2013). Manual Diagnóstico y Estadístico de los trastornos mentales (5ta ed.). Arlington: Editorial Médica Panamericana.
Bibliografia
  • Freud, S. (1909). Análisis de un caso de neurosis obsesiva. ("Caso el hombre de las ratas"). Obras completas. Buenos Aires: Amorrortu.
  • Manzanedo, M. (1984).La ambivalencia afectiva, Angelicum, 61 (3), 404-440.
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