Personalidade

Fases do desenvolvimento psicossexual - Teoria de Freud

 
Equipe editorial
Por Equipe editorial. 19 março 2020
Fases do desenvolvimento psicossexual - Teoria de Freud

Como qualquer teoria proposta, é importante que utilizemos nosso pensamento crítico. Isso significa nos questionarmos a partir de diferentes perspectivas o que nos propõem, como por exemplo, perguntando-nos de onde vem a teoria psicossexual, quem a fundou, por que o fez e em que ponto a desenvolveu.

Neste artigo de Psicologia-Online, explicaremos as fases do desenvolvimento psicossexual de acordo com a teoria de Freud, tentando ampliar o contexto histórico e as circunstâncias da época para poder outorgar uma visão mais ampla das questões que fizeram surgir essa teoria.

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Índice

  1. Contexto da Teoria de Freud
  2. Fases do desenvolvimento psicossexual segundo Freud
  3. Etapa oral (0 - 15 meses)
  4. Etapa anal (15 meses - 3 anos)
  5. Etapa fálica (3 - 6)
  6. Etapa de latência (6 anos - puberdade)
  7. Etapa genital (puberdade - idade adulta)

Contexto da Teoria de Freud

Sigmund Freud era austríaco de origem judia, neurologista, pertencente à uma sociedade burguesa. Em 1885, Freud mudou-se para Paris para estudar com o reconhecido neurologista Jean-Martin Charcot, criador das teorias sobre a histeria que posteriormente Freud utilizou como suas, após pedir permissão para traduzi-las para o alemão. Após esse estudo e reapropriação sobre a histeria, Sigmund Freud se interessou pela evocação dos traumas primários, concentrando-se na origem do transtorno, que ele chamou de psicanálise.

Inicialmente, Freud realizou uma tese sobre a sexualidade infantil, tema muito controverso no campo social em que se encontrava, ainda hoje em dia é um assunto difícil de ler a respeito, uma vez que a sexualidade continua sendo em parte um assunto tabu e mais se entrarmos no terreno da sexualidade infantil, referindo-se ao desenvolvimento desde a infância.

Freud era muito consciente que a controvérsia era uma grande ferramenta para se conhecer e explorou ao máximo para criar uma posição de reconhecimento em sua época. Embora seja verdade que hoje é um dos membros mais conhecidos da psicologia, Freud não era tão bem visto pela sociedade burguesa à que pertencia, na verdade o reconhecimento social lhe chegou pouco antes de morrer e foi graças ao seu sobrinho Edward Bernays.

Bernays era residente nos Estados Unidos, foi o precursor das Relações Públicas e um grande publicitário. Para fundamentar suas teorias sobre a publicidade e a manipulação de massa, utilizou as teorias psicanalíticas de Freud sobre o inconsciente e os impulsos primários. Graças à difusão dessa teoria para sustentar suas teorias publicitárias, Freud alcançou o renome que sempre havia desejado, tornando-se o “pai da psicanálise”.

Uma vez compreendido o contexto e entendido que a psicanálise se baseia na hipótese de que o desenvolvimento das pessoas se baseia na sexualidade, é lógico que sua teoria remonta as etapas iniciais do indivíduo.

Por outro lado, é interessante compreender a visão que Freud tinha sobre a infância, considerava que a criança tinha a consciência da perversão, ou seja, qualquer ato realizado pela criança era de forma consciente e com intuito de conseguir algo. Isso se reflete em um fragmento de sua obra Três ensaios sobre a teoria da sexualidade:

É instrutivo que sob a influência da sedução, a criança possa se tornar um perverso polimorfo, sendo induzida a praticar todas as transgressões possíveis. Isso demonstra que, em sua disposição, traz consigo a aptidão para isso; tais transgressões tropeçam com poucas resistências porque, dependendo da idade da criança, não foi construído ainda ou estão em formação as represas anímicas contra os excessos sexuais: a vergonha, nojo e a moral. (...) é possível não reconhecer algo comum a todos os seres humanos, algo que tem suas origens na disposição uniforme de todas as perversões.

A ideia da criança como perversa mostra uma rigidez de pensamento que causou muitos danos à psicologia, criando culpa e papéis confusos, tanto nas crianças como nos adultos. Se, inconscientemente, acredita-se que a criança está “buscando” uma sexualidade como a entendemos na idade adulta, o adulto automaticamente culpa a criança de atitudes sexuais “inapropriadas” ou mesmo por possíveis casos de abuso, uma vez que se baseia na crença da intenção da criança. E é justamente esse o pensamento que a psicanálise transmitiu sobre a sexualidade.

Os estudos demonstram que o pensamento crítico se desenvolve por volta dos 10 anos de idade, começando o desenvolvimento cognitivo de uma forma objetiva e analítica do mundo que nos rodeia. Isso não significa que, aos 10 anos, sejamos capazes de compreender psicologicamente as atitudes, comportamentos, valores, crenças, papéis, etc., mas que nessa idade, mais ou menos, é quando começamos a nos desenvolver cognitivamente e poder interagir com o ambiente de uma maneira mais consciente.

Fases do desenvolvimento psicossexual segundo Freud

As etapas de Freud do desenvolvimento psicossexual que definem a personalidade adulta são as seguintes:

  1. Etapa oral
  2. Etapa anal
  3. Etapa fálica
  4. Etapa de latência
  5. Etapa genital

A seguir, você encontrará uma breve explicação de cada uma das fases do desenvolvimento psicossexual sobre a teoria de Freud.

Etapa oral (0 - 15 meses)

Segundo Freud, essa etapa está localizada nos primeiros 15 meses de vida. Nela, Freud relacionava a satisfação da libido diretamente com a boca, nessa etapa o bebê se relaciona com o ambiente através da boca, obtendo assim o prazer.

Um dos momentos chave nessa etapa que poderia provocar um transtorno ao atingir a idade adulta, era o momento que o bebê foi desmamado, provocando a sensação de perda e abandono, se essa transição fosse realizada bruscamente, poderia afetar a construção da personalidade. Do mesmo modo, o impedimento da exploração através da boca do bebê poderia provocar um transtorno relacionado com a dependência passiva ou problemas de inveja e personalidades manipuladoras que se desenvolvem na idade adulta.

Etapa anal (15 meses - 3 anos)

Freud sustentava que o fim de uma etapa dava lugar a outra imediatamente, portanto, a etapa anal começava nos 15 meses até os 3 anos. Nessa etapa, o bebê começa a aprender o controle dos esfíncteres, em suas teorias de acordo com a aprendizagem, de uma forma natural ou abrupta pelos adultos que educavam, a criança poderia desenvolver diferentes transtornos, dependendo do quão traumática a aprendizagem teria sido.

Nesse aprendizado, eram vistos como forças comprometidas, por um lado a satisfação do impulso primário de defecar, contra as exigências dos adultos que impediam que esse ato ocorresse de forma natural. Se a aprendizagem que fez de uma forma gradual e compreensiva, de acordo com a teoria, não deveria haver nenhum problema no desenvolvimento do Eu, mas pelo contrário, se a educação era muito exigente ou permissiva, poderia levar a uma personalidade muito disciplinar e rígida ou, pelo contrário, muito desorganizado e passivo.

Etapa fálica (3 - 6)

A terceira etapa de Freud está compreendida entre os 3 e 6 anos de idade. Nesse período, a criança começa a descobrir seu próprio corpo e, com isso, seus órgãos genitais correspondentes. Essa curiosidade individual está entrelaçada com a curiosidade em outros corpos, como o da mãe ou do pai, nas diferenças e nas semelhanças.

Essa etapa é a mais conhecida, pois pode ser derivada do complexo de Édipo, relacionado com os homens e à atitude feminina de Electra, para as mulheres. Esse complexo é baseado na tomada de consciência de si mesmo e na necessidade de posse do outro, Freud diferenciava:

  • No caso do menino, a atitude psicológica era possuir a mãe, para que o pai se tornasse um rival.
  • Enquanto que no caso das meninas, o desejo de posse era o pai, tornando a mãe o inimigo.

Esse desejo de posse da mãe e rivalidade com o pai (embora Freud se referisse às meninas pontualmente e a possibilidade de experimentar esse complexo, não considerava a sexualidade feminina como tal, portanto, não achava necessário falar dela, por isso, suas teorias estão focadas nos homens) fazia com que, se a separação que sentia com a mãe fosse muito forte, a personalidade seria construída sobre um bloqueio emocional, tornando o adulto introvertido, retraído, tímido ou, como Freud qualificava, com complexo de castração. Por outro lado, se a criança tentasse superar a rivalidade paterna e adquirisse traços de personalidade do pai, poderia superar esse complexo de castração e obter a aprovação paternal.

Etapa de latência (6 anos - puberdade)

Na quarta etapa de Freud, desenvolve-se entre os 6 anos e a puberdade. Esse período está relacionado com a consolidação do que foi adquirido nas etapas anteriores e na integração na construção do Eu, mas esse processo acontece no inconsciente, pois os impulsos nas três primeiras etapas ficam bloqueados, Freud relacionava as neuroses ocasionadas nessa etapa por más resoluções das etapas anteriores. Nesse período, o indivíduo busca o prazer de uma forma social, com a maior integração possível nas relações sociais ou na aquisição de conhecimento.

Etapa genital (puberdade - idade adulta)

A última etapa de Freud é a genital, que começa na puberdade até a idade adulta, abrangendo o desenvolvimento sexual de forma plena e adulta. É nessa etapa que o adulto pode criar uma independência psicossexual, independente de seus pais e deixando os desejos de satisfação infantil. Nesse período começa a construção abstrata dos relacionamentos com os outros, considerando as uniões à nível cognitivo e simbólico.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • Charcot, J. (2003) Histeria. Jaén: Ediciones del Lunar
  • Freud, S. (2012) Tres ensayos sobre teoría sexual y otros escritos. Madrid: Alianza.
  • Fromm, E. (2004) El miedo a la libertad. Buenos Aires: Paidós.
  • Jung, C. (2000) Freud y el psicoanálisis. Madrid: Editorial Trotta.
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