Emoções

Me sinto culpada por tudo: por que e como mudar

 
Francielle Bechtold
Por Francielle Bechtold. 7 junho 2022
Me sinto culpada por tudo: por que e como mudar

Vez ou outra podemos nos sentir culpados por algo, inclusive, a culpa pode ser bastante recorrente em nosso dia a dia. Porém, quando passamos a nos sentir culpados por tudo, é preciso dar atenção ao sinal de alerta que está sendo emitido.

Sentir-se culpada por tudo pode ser um indício de algum problema a nível psicológico e, por isso, precisa de acompanhamento terapêutico. Essa é uma resposta negativa, que com o passar do tempo, pode se tornar automática e, com isso, gerar outros problemas mais graves.

Portanto, no artigo de hoje de Psicologia-Online, nós vamos trazer um guia completo sobre o assunto. Me sinto culpada por tudo: por que e como mudar? Acompanhe este artigo e descubra tudo o que você pode fazer para uma virada de chave.

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Índice

  1. Sentimento de culpa constante
  2. Sentimento de culpa: de onde ele surge
  3. Como parar de se sentir culpada por tudo

Sentimento de culpa constante

A culpa é um sentimento muito estudado por diversos cientistas, isso porque, faz parte de uma resposta neurológica do nosso sistema límbico. De modo geral, a principal função da culpa é gerar uma mudança adaptativa, ou seja, ocasionar uma mudança de comportamento para que, assim, deixemos de agir de tal forma que possa nos fazer sentir culpa.

Em um destes estudos científicos, um pesquisador chamado Lewis [1] definiu a culpa como sendo aquilo que "julgamos negativamente ao acreditarmos que não conseguimos viver de acordo com os nossos próprios padrões ou padrões impostos pela sociedade".

Ou seja, como somos seres sociais, os padrões que o meio social impõe geram grande impacto em nossas vidas, e o sentimento de culpa pode vir quando entendemos que não respondemos adequadamente a estes padrões. Associado ao sentimento de culpa, podemos sentir também raiva, desapontamento, decepção, vergonha e também, desenvolver quadros de crises de ansiedade.

Uma vez que nosso sistema límbico é acionado a partir da culpa, podemos iniciar o processo adaptativo, ou seja, buscamos assim formas de nos enquadrarmos dentro dos padrões sociais, a fim de corresponder àquilo que julgamos adequado. Mas o perigo em nos adaptarmos sempre a partir da culpa, isto, agir pelo sentimento de culpa constante, é deixarmos a autenticidade de lado, e desenvolvermos crises de identidade por estarmos em constante busca da aceitação social.

Sentimento de culpa: de onde ele surge

Tal como todos os nossos padrões comportamentais e nossa personalidade, a construção da culpa se dá ainda na nossa infância a partir do nosso relacionamento com nossos familiares, com o ambiente educacional e a sociedade como um todo.

No caso da culpa, comumente ela é aprendida em seu viés negativo como forma de fuga e esquiva de uma situação ou resposta comportamental. Ou seja, uma criança aprende a se sentir culpada a partir das respostas que um adulto dá à ela, seja de forma verbal ou com expressões faciais.

De todo modo, não existe um único motivo pelo qual nos sentimos culpados, esse é um sentimento que vamos desenvolvendo ao longo da vida. Portanto, aprendemos quando crianças, mas em todo o nosso convívio social vamos desenvolvendo diferentes sentimentos de culpa, assim como formas de lidar com esse sentimento.

Portanto o sentimento de "me sinto culpada por tudo" quando adulta, significa que foram desenvolvidos inúmeros padrões e respostas comportamentais ao longo da vida e, dessa forma, posso sentir a culpa em maior ou menor grau.

Vale ressaltar também que pessoas diagnosticadas como sociopatas, não sentem culpa e outras emoções, portanto, esse também deve servir como um sinal de alerta para a identificação de eventuais transtornos psicológicos.

Como parar de se sentir culpada por tudo

Quando me sinto culpada o padrão de resposta é quase automático, tendemos a buscar formas de nos livrarmos desse sentimento de culpa. No entanto, mais do que extinguir um comportamento, aqui tratamos também sobre uma mudança no padrão de resposta.

Para quebrar esse ciclo de culpa que sentimos, é importante dedicar um tempo para reflexão e autoanálise e, assim, identificar padrões mais positivos para serem reforçados. Na Terapia Cognitivo Comportamental o conceito de reforço positivo é extremamente utilizado e, nele, os padrões que trazem respostas positivas e mudanças comportamentais positivas, devem ser reforçados. Assim, tornam-se um hábito, ou seja, farão parte do nosso repertório automático de respostas.

Portanto, para reforçar comportamentos positivos, podemos dar especial ênfase a alguns:

  • Desenvolvimento de inteligência emocional: é encontrar respostas apropriadas para os eventos que nos acontecem. Ou seja, aqui conseguimos aprender respostas emocionais que satisfaçam com maior precisão as nossas necessidades, tanto emocionais quanto comportamentais.
  • Dê atenção aos seus pensamentos: faça uma reflexão e avalie a qualidade dos seus pensamentos. Com isso podemos identificar padrões de pensamentos e buscar formas de quebrar padrões para os pensamentos negativos. Assim também conseguimos utilizar o sentimento de culpa a nosso favor, como promotor de mudanças comportamentais positivas.
  • Aceite a imperfeição: todos nós somos seres imperfeitos, e aceitar este fato é um passo importante para se livrar do sentimento de "eu me sinto culpada" a todo momento. A partir desse ponto você será capaz de lidar com mais facilidade com os sentimentos de culpa, estresse, e remorso, evitando também sentimentos como desapontamento e dúvidas sobre a sua própria capacidade.
  • Faça terapia: a terapia é aliada aos casos em que o sentimento de culpa passou a fazer parte da rotina de uma pessoa de forma patológica. Através da terapia serão sugeridas formas mais adequadas de resposta comportamental diante de um evento gerador de culpa, além de ser fundamental para a quebra de respostas comportamentais negativas.
  • Responsabilidade versus culpa: entender que existe uma grande diferença entre responsabilidade e culpa é fundamental para que esse sentimento não domine você. Mesmo sendo responsável pelo ato que lhe gerou o sentimento de culpa, entenda que este ato não define você, portanto, o passo a seguir é utilizar umas destas formas descritas acima, de mudar esse padrão de comportamento.

Portanto, o segredo está na mudança comportamental, na forma como você reage diante das situações, e nos impactos que esse sentimento causam na sua autoestima e na forma de se olhar. Se você está enfrentando dificuldades por sempre se culpar por tudo que acontece, aproveite as dicas expostas nesse artigo e não deixe de buscar ajuda profissional.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Referências
  1. Thiago Antônio Avellar de Aquino; Bruno Medeiros. 2009. Escala de culpabilidade. Pepsic. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712009000100007> Acesso em 24 de maio de 2022.
Bibliografia
  • Hélio José Guilhardi. Análise Comportamental do sentimento de culpa. ITCR. Disponível em: <https://itcrcampinas.com.br/pdf/helio/Culpa.pdf> Acesso em 24 de maio de 2022.
  • Sonia Nogueira Pedreira. 2021. Sentimento de culpa. ABM Saúde. Disponível em: <https://revistaabm.com.br/artigos/sentimento-de-culpa-entenda-melhor-saiba-como-lidar-e-evite-mais-dor> Acesso em 24 de maio de 2022.
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