O que é a identidade pessoal: características e como é construída
A identidade pessoal é um processo complexo e mutável que ocorre desde o início da vida e que continua a se desenvolver ao longo dela. Entendida nas disciplinas filosóficas como "alma", tem sido redefinida como identidade pessoal a partir da psicologia. Seu estudo é amplo e levou a múltiplas e variadas definições de identidade pessoal como conceito.
No seguinte artigo de Psicologia-Online, vamos definir o que é a identidade pessoal, quais são suas características, como é construída e quais os motivos que levam uma pessoa a sofrer uma crise de identidade pessoal.
O que é a identidade segundo a psicologia
A identidade pessoal segundo a psicologia envolve o processo pelo qual a pessoa cria, com o passar dos anos, uma imagem de si mesma que dá resposta à transcendental pergunta de quem sou eu?. Essa seria a definição de identidade pessoal. Entende-se como processo porque se origina desde o início da vida e vai se desenvolvendo ao longo dela.
Um momento determinante na consolidação da identidade pessoal é a adolescência, momento no qual a pessoa reelabora tudo o que viveu na infância e o integra em uma imagem pessoal e particular de si mesma. Nesse artigo explicamos de modo aprofundado a autoestima na adolescência. No entanto, a construção da identidade pessoal não para nesse momento, pois é um processo vivo e mutável que é alimentado pelas diferentes experiências que a pessoa vive ao longo de sua vida adulta.
Nossa identidade pessoal se manifesta através de diferentes elementos, como:
- Identidade de gênero
- Escolha política
- Valores morais
- Religião
- Costumes e tradições populares
- Estilo estético
- Expressão verbal e comportamental
- Lazer
- Profissão
- Estudos
Características da identidade pessoal
A criação da identidade pessoal sempre é definida com base em dois aspectos gerais:
- A relação da pessoa consigo mesma.
- A relação da pessoa com seu ambiente.
As pessoas desenvolvem sua identidade pessoal e o conhecimento do seu ambiente a partir da experiência com seu próprio corpo, do contato e autorregulação de suas emoções, motivações e desejos e da elaboração mental de todas essas experiências internas.
Por outro lado, a relação com sua família, a escola, seu ambiente natural e sociocultural imediato e, graças as novas tecnologias, com outros contextos sociais, lhes proporciona outra série de experiências que servirão, da mesma forma, para fornecer novos dados na criação e desenvolvimento do conceito de identidade pessoal.
Deste modo, o ser humano realiza um complexo trabalho de elaboração de todas e cada uma de suas experiências de vida para, a partir delas, construir um autoconceito ou imagem de si mesmo. Essa identidade pessoal que, como dizemos, continua flutuando ao longo de toda a vida em pequenas ou grandes nuances, servirá de base para a pessoa realizar suas experiências de vida, com respeito a si mesma e com respeito ao seu ambiente.
A construção da identidade pessoal é, portanto, um processo multifatorial que é retroalimentado constantemente, onde as experiências de vida vão criando essa identidade pessoal que, por sua vez, condiciona as vivências posteriores sendo, novamente, alimentada por elas.
Por exemplo, alguns dos elementos fatores pelos quais se constrói a identidade pessoal são:
- Grupo de pertencimento (família, amigos, vizinhança, etc.): define nossas crenças e valores.
- Sistema educacional: oferece determinados conteúdos que moldarão nossa identidade.
- Cultura e sistema social: através deles interiorizamos determinados costumes e normas.
- Âmbito geográfico e residência: a natureza, o clima e outros fatores físicos e meteorológicos de nosso local de residência também condicionam em grande parte nossa identidade.
- Idioma: através do idioma são transmitidos muitos valores, crenças e costumes próprios do grupo linguístico a que pertence.
Como se constrói a identidade pessoal
O processo de construção da identidade pessoal se reflete de uma maneira muito clara observando o desenvolvimento evolutivo de uma pessoa.
O bebê, desde a sua gestação, não tem consciência da existência de si mesmo, mas se relaciona com seu ambiente imediato (sua mãe) e posteriormente com seu corpo e suas sensações internas para criar crenças e esquemas mentais que integram tudo o que foi vivenciado. Aos poucos, o bebê começa a tomar consciência de sua existência e, com isso, da existência do outro e, a partir daí, vai incorporando conhecimentos ao seu redor em relação ao seu ambiente.
Durante a infância ele continua tendo experiências de relacionamento com os outros (família, escola, contexto sociocultural, etc.) que o levarão a continuar construindo crenças em torno de quem ele é, quem são os outros e como funciona o mundo ao seu redor. A adolescência é o ponto alto na construção da identidade pessoal, onde a pessoa reelabora conscientemente sua experiência de vida e finaliza o processo criando e integrando uma imagem definidora de si mesma.
O restante de experiências de vida durante a vida adulta servirá para consolidar ou colocar em xeque essa construção pessoal da identidade pessoal.
O que é uma crise de identidade e como superá-la
No processo de construção pessoal, como já dissemos, intervêm múltiplos fatores: a pessoa cria uma imagem de si mesma em função de suas próprias experiências internas e, também, com base na relação com seu ambiente. Ocorre, portanto, que a definição de si mesmo é condicionada pela experiência que temos com os outros e, em muitas ocasiões, a imagem que nossa família, a escola ou nossos colegas têm sobre nós condiciona muito o que, finalmente, interiorizamos como o que realmente somos.
Nos casos em que a percepção que assumimos do exterior sobre nós mesmos é semelhante ao que surge de nossas próprias sensações internas, a identidade pessoal tende a se constituir como uma base segura e saudável sobre a que construir nosso projeto de vida pessoal. No entanto, quando a imagem que vem do exterior para nós não se encaixa na nossa percepção interna, geralmente acontece que uma luta interna é criada entre o que a pessoa "acredita que é" (normalmente baseada em crenças negativas sobre si mesma com base no que recebeu do exterior) e o que "sente que é" na verdade. Nesses casos, experiências de vida críticas (mudanças de ciclos de vida, rupturas sentimentais, luto, demissão, etc.) levam essas pessoas a sofrer desagradáveis crises de identidade.
A superação de uma crise de identidade envolve revisar as crenças, atitudes e valores que sustentam nossa identidade pessoal, apagar aquelas que não correspondem ao nosso ser essencial e reelaborar nossa imagem pessoal a partir de ideias mais realistas, positivas e de acordo com o ser que realmente somos. Neste artigo, você encontrará mais informações sobre como superar uma crise existencial.
Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
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- Bajardi, A. (2015). La identidad personal en relación con la educación: características y formación del concepto. REIDOCREA, Monográfico identidad y educación, Artículo 15, pág. 106-114