Neuropsicologia

Pessoas neurodivergentes: tipos, sintomas e desafios

 
Alejandro Garcia Mingrone
Por Alejandro Garcia Mingrone. 2 abril 2024
Pessoas neurodivergentes: tipos, sintomas e desafios

Ser uma pessoa neurodivergente significa ter uma forma de processar a informação e experimentar o mundo que difere do padrão considerado típico ou neurotípico. Pessoas neurodivergentes podem ter habilidades e perspectivas únicas que podem ser valiosas em diversos contextos. No entanto, também podem enfrentar desafios em áreas como comunicação, interação social, regulação sensorial ou organização.

É importante reconhecer e respeitar a diversidade neurodivergente, assim como trabalhar para criar ambientes inclusivos que permitam a todas as pessoas prosperar e contribuir de acordo com suas habilidades e necessidades individuais. Neste artigo de Psicologia-Online, forneceremos informações sobre pessoas neurodivergentes: tipos, sintomas e desafios.

Índice

  1. Tipos de neurodivergência
  2. Sintomas das pessoas neurodivergentes
  3. Desafios enfrentados pelas pessoas neurodivergentes

Tipos de neurodivergência

Em termos gerais, a neurodivergência implica que as pessoas podem ter desenvolvimento superior em algumas áreas e deficiências em outras. Dessa forma, trata da a aquisição e do processamento de informações provenientes de estímulos externos. Além disso, compreende também a análise dos recursos que um ser humano utiliza para realizar suas atividades diárias, bem como suas relações sociais, mas nem sempre se manifesta da mesma forma.

Existem vários tipos de neurodivergência, cada um com características e desafios únicos. Os tipos mais comuns são:

  • Transtorno do Espectro Autista (TEA): caracteriza-se por dificuldades na comunicação, na interação social e em padrões de comportamento repetitivos. Pessoas com TEA podem ter interesses intensos e habilidades destacadas em áreas específicas;
  • Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): manifesta-se em dificuldades para manter a atenção, controlar impulsos e regular a atividade. Pessoas com TDAH podem ser hiperativas, impulsivas ou ter dificuldades para se organizar e completar tarefas. Neste artigo, explicamos os diferentes tipos de TDAH;
  • Dislexia: implica dificuldades em compreender conteúdos teóricos por meio da leitura, da escrita e da ortografia. Pessoas com dislexia podem ter habilidades verbais e cognitivas sólidas, mas ao mesmo tempo enfrentam desafios específicos no processamento da linguagem escrita. Todavia, pessoas diagnosticadas com dislexia podem ter um desenvolvimento intelectual superior à média;
  • Síndrome de Tourette: pessoas com essa condição experimentam uma ampla gama de tiques, que vão desde movimentos simples como piscar os olhos ou encolher os ombros até expressões faciais complexas ou sons vocais. Esses tiques podem ser disruptivos e afetar as atividades diárias, as relações sociais e a autoestima daqueles que os experimentam;
  • Síndrome de Asperger: compartilha algumas manifestações com o transtorno do espectro autista. Pessoas com síndrome de Asperger geralmente têm interesses intensos em áreas específicas e podem exibir habilidades destacadas nesses campos.

Sintomas das pessoas neurodivergentes

Os sintomas de uma pessoa neurodivergente variam amplamente de acordo com a condição específica e a pessoa afetada. Aqui estão apresentados os sintomas gerais associados a diferentes formas de neurodivergência:

  • Dificuldades na socialização: impedimento para interagir de maneira efetiva e satisfatória com outras pessoas. Isso pode se manifestar em problemas para iniciar ou manter conversas, compreender normas sociais ou estabelecer relacionamentos próximos;
  • Falta de empatia: refere-se à dificuldade em compreender ou reconhecer as emoções e perspectivas de outras pessoas. Indivíduos com falta de empatia podem ter dificuldades em se colocar no lugar dos outros ou em responder adequadamente às emoções alheias;
  • Problemas para entender palavras específicas: dificuldade em compreender o significado preciso de certas palavras ou frases. Isso pode se manifestar em dificuldades com linguagem figurativa, metáforas ou vocabulário técnico;
  • Preferência por atividades rotineiras: indica uma tendência a buscar e desfrutar de atividades que sigam um padrão ou uma estrutura previsível. Pessoas com essa preferência podem sentir desconforto ou ansiedade diante de mudanças na rotina e podem ter dificuldades para se adaptar a novas situações;
  • Dificuldade em adaptar-se às mudanças: refere-se à dificuldade em ajustar-se ou aceitar mudanças no ambiente, nas rotinas ou nas expectativas. Pessoas com falta de adaptação a mudanças podem experimentar ansiedade, irritabilidade ou desconforto diante de situações novas ou inesperadas;
  • Sensibilidade auditiva, tátil, visual ou olfativa: experimenta-se uma maior sensibilidade ou reatividade a estímulos sensoriais como sons, texturas, luzes ou odores. Isso pode se manifestar em desconforto, irritabilidade ou sobrecarga sensorial em resposta a certos estímulos;
  • Baixa autoestima: indica uma avaliação negativa de si mesmo/a e uma falta de confiança nas próprias habilidades e valor. Pessoas com baixa autoestima podem sentir-se inseguras, desvalorizadas ou pouco capazes de enfrentar os desafios da vida;
  • Deficiência ou superioridade no desenvolvimento de áreas intelectuais: refere-se a disparidades significativas no desenvolvimento de habilidades intelectuais em comparação com a média da população. Isso pode se manifestar em áreas como QI, desempenho acadêmico ou habilidades cognitivas específicas;
  • Incapacidade de controlar impulsos: incapacidade de regular impulsos ou comportamentos reativos, o que pode levar a ações impulsivas ou inadequadas sem considerar as consequências;
  • Movimentos corporais rígidos e estereotipias: refere-se a padrões repetitivos e limitados de movimento corporal, que podem incluir gestos repetitivos, movimentos incomuns ou posturas rígidas. Isso pode estar associado a condições como o transtorno do espectro autista ou a síndrome de Tourette.

É importante ressaltar que a presença isolada de algum desses sintomas não representa um quadro de neurodivergência. Para obter um diagnóstico e avaliação precisos, é fundamental a intervenção de um profissional de saúde mental.

Pessoas neurodivergentes: tipos, sintomas e desafios - Sintomas das pessoas neurodivergentes

Desafios enfrentados pelas pessoas neurodivergentes

As pessoas neurodivergentes podem enfrentar uma série de desafios em diferentes aspectos de suas vidas, como, por exemplo:

  • Interação social: dificuldades para compreender as normas sociais não escritas e os sinais sociais podem dificultar a formação de relacionamentos significativos e a participação em atividades sociais;
  • Comunicação: pode ser difícil para algumas pessoas neurodivergentes expressarem seus pensamentos e sentimentos de maneira efetiva, assim como entenderem o linguajar não verbal ou as inferências sociais na comunicação.;
  • Saúde mental: pessoas neurodivergentes podem ter um maior risco de enfrentar problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão ou estresse, devido aos desafios associados à sua condição e às dificuldades para se adaptar às expectativas sociais;
  • Estigmatização e discriminação: a falta de compreensão e aceitação da neurodiversidade pode levar à estigmatização e discriminação, o que pode afetar a autoestima e o bem-estar emocional das pessoas neurodivergentes;
  • Autonomia e vida independente: ser neurodivergente pode significar enfrentar desafios para viver de forma independente e realizar atividades cotidianas, como cuidar de si mesmo, administrar o dinheiro ou planejar o futuro.

Para ajudar as pessoas neurodivergentes a enfrentar esses desafios, é fundamental oferecer oportunidades de trabalho, garantir direitos trabalhistas de acordo com suas necessidades, assim como proporcionar um ambiente positivo. Além disso, é importante oferecer apoio familiar e emocional diante das decisões de vida, e fornecer um espaço de escuta sem adotar uma postura discriminatória.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • Fernández Vera, C. (2018). Neurodiversidad y teoría de la mente: Niños con TEA de 4 a 12 años. Universidad Pontificia Comillas.
  • Govela Espinoza, R. (2012). Obstáculos epistemológicos y metodológicos para acercarse a la realidad de las personas con discapacidad intelectual: algunas propuestas. Revista Intersticios Sociales, 3 (1), 1-33.
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