Psicologia clínica

Por que borderline não aceita ser contrariado?

 
Roberta Novoa
Por Roberta Novoa. 30 dezembro 2024
Por que borderline não aceita ser contrariado?

Para quem vive com transtorno de personalidade borderline, ser contrariado pode desencadear uma avalanche de emoções intensas e, muitas vezes, dolorosas. Isso acontece porque, para essas pessoas, a rejeição ou a contrariedade são percebidas de forma muito amplificada. A sensibilidade emocional exacerbada, característica desse transtorno, faz com que a sensação de ser contrariado seja interpretada como uma ameaça à sua segurança emocional.

Essas reações intensas não são intencionais, são respostas automáticas geradas por um sistema emocional sobrecarregado. O medo do abandono, combinado com a dificuldade de regular as emoções, faz com que qualquer contrariedade seja vista como um sinal de rejeição. Por isso, é essencial que as interações com pessoas com esse transtorno sejam realizadas com paciência, empatia e compreensão. Reconhecer a dor por trás dessas reações é o primeiro passo para oferecer o suporte necessário e ajudar na construção de relações mais seguras e saudáveis.

Neste artigo de Psicologia-Online vamos falar sobre o tema: Por que borderline não aceita ser contrariado?

Índice
  1. Borderline pode ser contrariado?
  2. O que mais irrita um borderline?
  3. Como é a raiva do borderline?

Borderline pode ser contrariado?

O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é marcado por intensas emoções e uma sensibilidade emocional exacerbada. Pessoas com esse transtorno vivem numa montanha-russa emocional, onde as reações podem ser intensas e, muitas vezes, difíceis de entender para quem está de fora. A pergunta "Borderline pode ser contrariado?" envolve uma compreensão mais profunda do que significa ser contrariado para alguém com TPB.

Quando uma pessoa com TPB é contrariada, isso pode ser percebido como uma forma de rejeição ou abandono, o que desencadeia uma série de respostas emocionais intensas. Não é que essas pessoas não possam ser contrariadas, mas a forma como isso é feito e o suporte emocional oferecido após o conflito são cruciais. O medo de rejeição e abandono, característicos do TPB, podem fazer com que a contrariedade seja interpretada como uma ameaça.

Portanto, é essencial abordar esses momentos com muita empatia, paciência e compreensão. Oferecer segurança emocional, validar os sentimentos e garantir que a pessoa se sinta amada e aceita, mesmo diante de uma contrariedade, pode fazer uma grande diferença. Assim, sim, uma pessoa com TPB pode ser contrariada, desde que isso seja feito com cuidado e respeito, evitando desencadear crises emocionais.

O que mais irrita um borderline?

Para entender o que mais irrita uma pessoa com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), é fundamental reconhecer a complexidade emocional que permeia suas experiências diárias. O TPB é marcado por uma extrema sensibilidade emocional, onde sentimentos de rejeição, abandono, e críticas são amplificados, muitas vezes desencadeando reações intensas e dolorosas.

Uma das coisas que mais irrita uma pessoa com TPB é a sensação de ser ignorada ou não levada a sério. Para quem vive com esse transtorno, ser ignorado pode ser interpretado como uma forma de rejeição ou desprezo, desencadeando sentimentos profundos de raiva e tristeza. Da mesma forma, ser mal compreendido ou acusado de exagerar nas emoções pode ser extremamente frustrante, pois essas reações emocionais são genuínas e refletem o sofrimento real que a pessoa está enfrentando.

A instabilidade nos relacionamentos também é um ponto de grande irritação. Pessoas com TPB muitas vezes vivem em uma constante montanha-russa emocional, onde o medo do abandono é constante. Qualquer sinal de afastamento, por menor que seja, pode ser visto como uma ameaça iminente de perda, provocando reações que podem parecer desproporcionais aos olhos de quem não compreende o transtorno.

Outro fator irritante é a falta de controle sobre as emoções. A pessoa com TPB pode se sentir presa em um ciclo de emoções intensas, sem conseguir regular essas sensações de forma saudável. Isso pode gerar um profundo sentimento de frustração e irritação, tanto com os outros quanto consigo mesma.

Portanto, o que mais irrita um borderline não é apenas uma questão de eventos externos, mas como esses eventos interagem com a complexidade emocional interna da pessoa. Compreensão, empatia e comunicação clara são essenciais para aliviar esses sentimentos e ajudar a pessoa a se sentir mais segura e compreendida.

Como é a raiva do borderline?

A raiva vivida por alguém com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é intensa, complexa e, muitas vezes, difícil de entender para quem está ao redor. Essa raiva não é apenas uma emoção momentânea, ela está profundamente enraizada na vulnerabilidade emocional e nas experiências dolorosas de rejeição e abandono que muitas pessoas com TPB enfrentam ao longo de suas vidas.

Para quem tem TPB, a raiva pode surgir de situações que, para outros, podem parecer insignificantes. Um comentário crítico, uma sensação de ser ignorado ou um simples mal-entendido podem desencadear uma explosão de raiva. Isso acontece porque essas situações são interpretadas como ameaças à sua segurança emocional. O medo do abandono ou da rejeição amplifica a percepção de ameaça, transformando o que poderia ser um pequeno contratempo em uma crise emocional.

A raiva no borderline é, muitas vezes, uma expressão de dor profunda. Ela reflete o desespero de não ser compreendido ou aceito, e de sentir que o mundo é um lugar inseguro e imprevisível. Essa raiva pode ser direcionada tanto para os outros quanto para si mesmo.

Quando direcionada para os outros, pode resultar em comportamentos impulsivos, agressões verbais ou até mesmo em isolamento, como uma forma de proteção. Quando dirigida para si, a raiva pode se manifestar em autocrítica severa, comportamentos autodestrutivos ou sentimentos de vazio e desesperança.

É importante entender que essa raiva não é uma escolha consciente, mas sim uma resposta emocional automática, impulsionada pelo intenso sofrimento interno. A pessoa com TPB não quer ser dominada por essa raiva; muitas vezes, ela se sente culpada ou envergonhada depois de um episódio de raiva, o que pode aprofundar ainda mais o ciclo de dor.

A chave para lidar com essa raiva é a empatia e a compreensão. Reconhecer que essa raiva é uma manifestação de dor e medo, e não de maldade, é fundamental. Oferecer um espaço seguro onde a pessoa possa expressar suas emoções sem julgamento pode ajudar a aliviar essa raiva e criar um ambiente mais estável e acolhedor.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
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