Psicologia cognitiva

Tipos de falácias com exemplos

 
Gianluca Francia
Por Gianluca Francia, Psicólogo. 24 novembro 2021
Tipos de falácias com exemplos

A lógica se ocupa da validade dos argumentos, e pode ser dedutiva, do geral ao caso particular, ou indutiva, do caso particular ao geral. Segundo Aristóteles, que pode ser considerado o fundador desta disciplina, a lógica formal se ocupa da validade, da correção dos argumentos, não de sua verdade. Se todos os homens jogam futebol e eu sou um homem, eu jogo futebol: é um raciocínio correto desde o ponto de vista lógico-formal, mas não se sabe se eu realmente jogo futebol: a verdade de uma conclusão está ligada não apenas à lógica, mas também à verdade das premissas. Se as premissas são certas e o raciocínio é lógico, as conclusões também estão certas.

A lógica dedutiva, especialmente a silogista, é extremamente rigorosa, mas pouco apta às discussões comuns, onde utilizamos um processo de aproximação. Isto faz com que frequentemente caiamos em falácias, isto é, argumentos que parecem lógicos - esta é a razão de sua eficácia - mas contém erros graves, e neste artigo de Psicologia-Online descobriremos 25 tipos de falácias com exemplos.

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Índice

  1. Falácia de erro
  2. Falácia de anfibologia ou ambiguidade gramatical
  3. Falácia de imprecisão
  4. Falácia de pensamento duplo
  5. Falácia de ênfase
  6. Falácia de composição
  7. Falácia da divisão
  8. Generalização indevida
  9. Generalização estatística
  10. Falácia do jogador ou do apostador
  11. Motivo falso
  12. Falácia da evidência suprimida
  13. Falácia patética
  14. Petitio principii ou circularidade simples
  15. Falácia de pergunta múltipla (ou complexa)
  16. Ignoratio elenchi ou falácia da conclusão equivocada
  17. Falácia non sequitur
  18. Tema fantoche
  19. Falácia da mudança
  20. Falácia da recompensa
  21. Falácia de controle
  22. Falácia de equidade
  23. Falácia ad baculum
  24. Falácia ad misericordiam
  25. Falácia ad populum
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Falácia de erro

É produzida quando a mesma expressão é utilizada com dois ou mais significados, um deles na premissa e o outro na conclusão.

  • Por exemplo, na frase "a lógica é melhor que nada, nada é melhor que a saúde", a conclusão depende do significado que queremos dar à palavra "nada".

Falácia de anfibologia ou ambiguidade gramatical

É um discurso ou uma expressão que contém uma ambiguidade sintática e, portanto, pode se interpretar de diferentes maneiras de acordo com a forma de lê-la. De forma geral, se fala de anfibologia, isto é, de uma ambiguidade estrutural que não reside em uma ou várias palavras, mas na forma em que as palavras estão vinculadas entre si. Frequentemente, nos encontramos diante destes casos quando observamos vários quantificadores presentes em uma mesma frase.

  • Por exemplo, a frase "todos os garotos amam uma garota" pode significar que "há uma garota que todos os garotos amam" ou "todos os garotos amam alguma garota".

Falácia de imprecisão

Nos referimos a essa forma de indeterminação que não é caracterizada pela presença de significados múltiplos, mas sim pela ausência de critérios rigorosos para o uso correto de uma palavra.

  • Por exemplo, na frase "os paladares refinados preferem o vinho tinto, tenho um paladar refinado, logo deveria beber o vinho". O que é um paladar refinado e quem o tem? E quem gosta de vinho tinto?

Falácia de pensamento duplo

Quando cada enunciado anula o outro, se diz tudo e nada. Entenderemos melhor este tipo de falácia com um exemplo:

  • Exemplo da falácia de pensamento duplo: "os indivíduos são bons e maus".

Falácia de ênfase

Este tipo de falácia se trata de tirar conclusões indevidas pela mudança de ênfase de uma palavra a outra. Por exemplo, na frase "a rainha só pode ser elogiada", pode-se fazer duas interpretações diferentes:

  1. Não somos livres para criticar a rainha quando colocamos a ênfase na palavra rainha.
  2. Estamos realmente elogiando a rainha se a ênfase for colocada na palavra elogiada.

Falácia de composição

O seguinte tipo de falácia é a falácia de composição. É o caso em que se deduz erroneamente a qualidade global de um objeto em função da qualidade de seus componentes.

  • Exemplo: a equipe do Barcelona é a vencedora porque é formada por jogadores que jogam na nação.

Falácia da divisão

É o inverso da anterior, e é produzida quando o conjunto possui determinadas características e as mesmas características são atribuídas às partes que o compõem.

  • Por exemplo, "Paulo sabe tudo porque trabalha na universidade".

Generalização indevida

Caímos neste tipo de falácia quando tiramos uma conclusão sobre toda uma classe de objetos a partir da informação sobre um ou alguns de seus componentes.

  • Por exemplo: um homem roubou uma maçã. Portanto, todos os homens são ladrões. Ao fazer essa afirmação, foi produzida uma "generalização indevida".
Tipos de falácias com exemplos - Generalização indevida

Generalização estatística

É o raciocínio pseudoindutivo baseado em uma amostra numericamente insuficiente, com a pretensão de ter uma conclusão geral.

  • Exemplo: "De um grupo de 500 adolescentes espanhóis, 80% navega na internet durante mais de três horas por dia. Logo, 80% dos adolescentes espanhóis navegam na internet por mais de três horas por dia".

Falácia do jogador ou do apostador

Neste tipo de falácia, acredita-se que a probabilidade de ocorrência de um evento depende de quanto tempo faz que ele não ocorre, mesmo que não haja relação alguma. Possui a seguinte forma: "Faz muito tempo que não ocorreu o evento X, portanto logo ele ocorrerá".

  • Portanto, um exemplo poderia ser "faz muito tempo que não sai o número 82 na loteria; portanto, o número 82 sairá logo".

Motivo falso

Esta falácia é produzida quando se faz com que algo pareça ter ocorrido por um acontecimento que não o causou, ou quando se atribui arbitrariamente uma causa a um acontecimento sem se considerar as alternativas.

  • Exemplo: "Nunca deveria ter feito a prova na sexta-feira. Toda vez que a faço na sexta-feira, vou mal. Neste caso, temos uma causa falsa".

Falácia da evidência suprimida

Neste caso, quem propõe uma tese omite uma premissa oculta, e nasce um raciocínio circular, e dessa forma a tese parece verdadeira. Mas se a informação contida na premissa surge, invalidarão a conclusão.

  • Exemplo: "Muitos gatos ficam bem em apartamento. São carinhosos e adoram receber carinho. Logo, este gato provavelmente será um bom animal de estimação".

As premissas são verdadeiras, pertinentes e a probabilidade indutiva é alta. Mas se o autor omitisse sobre o fato de que o gato em questão viveu grande parte de sua vida em um refúgio para gatos abandonados, onde ficou desconfiado e agressivo, é claro que o argumento estaria viciado pela falácia da evidência suprimida.

Falácia patética

Uma expressão cunhada pelo poeta britânico John Ruskin que consiste em atribuir a emoção e o comportamento humanos a coisas que são encontradas na natureza, isto é, que não são humanas. É a base de alguns métodos de adivinhação.

  • Um exemplo físico poderia ser: "O ar odeia ser comprimido, pois contraria a pressão a qual é imposto".

Petitio principii ou circularidade simples

Isto é, a assunção da verdade do que se pretende demonstrar. A argumentação se denomina "circular", já que entre as premissas de uma argumentação está a tese que se quer sustentar. Vejamos um exemplo deste tipo de falácia:

  • Deus criou o mundo, logo Deus existe.
  • Deus existe, logo Deus criou o mundo.

O argumento contém uma premissa e uma conclusão, mas não são consequentes. É óbvio que na primeira premissa já está contida a conclusão.

Falácia de pergunta múltipla (ou complexa)

Falamos deste tipo de falácia quando na pergunta se dá por fato algo que ainda não se demonstrou. Normalmente é usado como armadilha verbal para enganar os ingênuos.

  • Por exemplo: "Você parou de roubar bancos?": neste caso, a pergunta supõe uma resposta a uma pergunta logicamente anterior.

Ignoratio elenchi ou falácia da conclusão equivocada

Manifesta-se quando as premissas sustentam uma conclusão diferente da que aparece na formulação da argumentação. Por exemplo:

  • A taxa de inflação da economia é negativa;
  • hoje a taxa de inflação (sobre a base anual) é de 7%, enquanto que no mês passado a inflação galopa a uma taxa de 10%;
  • dessa forma, a economia está melhorando.

Neste caso, o que realmente se tira das premissas é que a taxa de inflação está diminuindo. Isto é muito diferente do afirmado na conclusão, isto é, que a economia vai bem. As premissas não apoiam a conclusão.

Falácia non sequitur

Este tipo de falácia, também chamada "pista falsa", consiste em assumir como causa algo que não é.

  • Por exemplo: "O país está sob ameaça do terrorismo. É urgente comprar novas armas cada vez mais poderosas". O argumento é falacioso, já que o terrorismo não é combatido necessariamente mediante a aquisição de novas armas (também podem ser eficazes as que já existem).
Tipos de falácias com exemplos - Falácia non sequitur

Tema fantoche

Para negar uma tese sem abordá-la diretamente, se refuta uma tese aparentemente similar, menos plausível. Durante a disputa, a tese ad hoc é refutada, por consequência lógica cai também a tese de que se pretendia atacar. Mas o argumento usado é um fantoche: é falso, assim como a tese construída ad hoc é uma tese fantoche.

Falácia da mudança

Distorção cognitiva através do qual se assume que os outros podem e devem mudar, para responder a seus desejos e necessidades. As estratégias usuais para produzir a mudança do outro incluem a crítica e o apontamento de culpa. Conheça quais são as distorções cognitivas, seus tipos e exemplos.

Falácia da recompensa

Este tipo de falácia ou distorção cognitiva consiste na expectativa de que o outro mostre gratidão por uma ação generosa.

Falácia de controle

Distorção cognitiva relativa à avaliação do controle que o indivíduo pensa ter sobre os acontecimentos. Esta falácia possui duas variantes:

  • Os sujeitos com falácia do controle externo (falácia do hipocontrole) desenvolvem a convicção de ter pouco ou nenhum controle sobre o ambiente.
  • Os sujeitos com falácia controle interno apresentam o problema oposto.

Falácia de equidade

É um tipo de distorção cognitiva e consiste na convicção de que os próprios sistemas de avaliação são intrinsecamente válidos e, portanto, aplicáveis a todos e em todas as condições. Se expressa na convicção de que todos devem ter os mesmos valores.

Falácia ad baculum

Impor uma tese ameaçando recorrer à força ou exercendo alguma forma de pressão sobre o interlocutor. Em alguns casos, o uso é feito sem a pretensão de suscitar emoções, mas sim para se servir da emoção suscitada para fundamentar uma determinada conclusão.

Falácia ad misericordiam

Falamos deste tipo de falácia quando apelamos à piedade ou à compaixão.

  • Exemplo: "Senhor, não me dê uma multa por ultrapassar o limite de velocidade, meu pai me expulsaria de casa e minha namorada terminaria comigo."

Falácia ad populum

Vejamos o último tipo de falácia desta lista de tipos de falácias. A falácia ad populum ocorre quando se argumenta a favor ou contra uma tese apelando a sentimentos populares ou a opiniões compartilhadas mais do que à razão.

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Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • Gutiérrez, G. A. (2000). Introducción a la lógica. Pearson Educación.
  • Lekuona Ruiz de Luzuriaga, K. (2013). Lógica formal e informal: falacias y falsos argumentos (unidad didáctica).
  • Rizzotto, L. (2021). Le fallacie: una introduzione ai più comuni inganni dell’argomentazione. Recuperado de: https://www.psyjob.it/le-fallacie-una-introduzione-ai-piu-comuni-inganni-dellargomentazione.htm

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