A pessoa nasce bipolar ou se torna?
A bipolaridade tem um componente hereditário significativo, já que tende a se manifestar em famílias com histórico da doença. No entanto, fatores ambientais também podem influenciar. Devido à convivência social com pessoas que têm bipolaridade, é comum ter dúvidas sobre as possibilidades de desenvolver esse transtorno afetivo.
A genética desempenha um papel fundamental na formação da personalidade, uma vez que existem genes que interferem em nossas emoções, pensamentos e comportamentos. Para esclarecer essas dúvidas, é necessário ter dados confiáveis. Neste artigo de PsicologiaOnline, responderemos à pergunta: "a pessoa nasce bipolar ou se torna?". Confira!
Quão hereditária é a bipolaridade?
A bipolaridade é um transtorno mental caracterizado por mudanças extremas no humor, energia e capacidade de funcionamento. Do ponto de vista genético, a bipolaridade tem uma alta herdabilidade, o que significa que a predisposição para desenvolver o transtorno pode ser transmitida de pais para filhos.
Pesquisas realizadas com determinados grupos específicos de famílias, gêmeos e adoções mostraram que há uma maior prevalência de bipolaridade entre os parentes de primeiro grau (pais, irmãos) de pessoas com o transtorno. De fato, os gêmeos idênticos têm uma concordância de 40% a 70% para o transtorno bipolar, em comparação com 5% a 10% para os gêmeos fraternos.
Além da contribuição genética, é importante considerar a interação entre genes e ambiente. Embora a genética desempenhe um papel significativo na predisposição para a bipolaridade, fatores ambientais também podem influenciar a ocorrência e a gravidade do transtorno. Estresse, traumas, abuso de substâncias e outras experiências de vida podem desencadear episódios em pessoas geneticamente predispostas.
A compreensão atual sugere que a bipolaridade resulta de uma complexa interação entre múltiplos genes e fatores ambientais, em vez de ser causada por um único gene. Neste artigo, explicamos qual o comportamento de uma pessoa bipolar.
Quem tem maior propensão a ter bipolaridade?
Embora qualquer pessoa possa desenvolver o transtorno bipolar, certos fatores de risco podem aumentar a probabilidade de que uma pessoa o experimente. Aqui estão os fatores mais comuns:
- Antecedentes genéticos: ter um familiar próximo (como um pai ou irmão) com transtorno bipolar aumenta significativamente o risco. Isso sugere um forte componente genético;
- Genética: vários genes que podem estar associados ao transtorno bipolar foram identificados, embora a relação exata entre genética e o transtorno ainda não esteja completamente compreendida;
- Idade: o transtorno bipolar costuma ser diagnosticado durante a adolescência ou no início da idade adulta, embora possa ocorrer em qualquer idade. É raro ser diagnosticado em crianças ou em pessoas mais velhas;
- Estresse extremo: eventos traumáticos ou períodos de estresse severo podem desencadear o início do transtorno bipolar em pessoas vulneráveis;
- Consumo de substâncias: o abuso de drogas ou álcool pode desencadear episódios de transtorno bipolar, ou agravar a condição em pessoas que já têm predisposição;
- Desequilíbrios químicos no cérebro: alterações nos níveis de neurotransmissores, que são substâncias químicas do cérebro que regulam o humor, podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno bipolar;
- Outros transtornos de saúde mental: ter outros transtornos de saúde mental, como depressão, ansiedade ou transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), pode aumentar o risco de desenvolver o transtorno bipolar;
- Ambiente e experiências: fatores ambientais, como a criação, experiências traumáticas na infância e outras experiências de vida, podem influenciar a manifestação do transtorno bipolar em pessoas geneticamente predispostas. São situações que têm um impacto emocional difícil de assimilar. Em muitos casos, pessoas que passaram por traumas podem levar anos para aceitar algo que aconteceu.
O que os filhos herdam de um pai com transtorno bipolar
Os filhos de um pai com transtorno bipolar podem herdar uma predisposição genética para o transtorno, mas não é uma certeza de que desenvolverão a condição. Estima-se que a herdabilidade desse transtorno varie entre 60% e 80%. Assim, o desenvolvimento de um quadro clínico de bipolaridade está vinculado à genética.
Além disso, desequilíbrios nos neurotransmissores (como serotonina, dopamina e norepinefrina) e alterações nas vias cerebrais que regulam o humor podem ser herdados, contribuindo para o risco de desenvolver transtorno bipolar.
O ambiente em que os filhos crescem, incluindo como o estresse e os problemas de saúde mental são manejados em casa, também pode influenciar a probabilidade de desenvolver o transtorno. Ou seja, embora a predisposição genética aumente o risco, não garante que um filho desenvolverá o transtorno bipolar devido à herança genética do pai ou da mãe. Se tiver dúvidas, recomendamos procurar um profissional de saúde mental. Além disso, confira nosso artigo sobre como identificar uma pessoa bipolar.
Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
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- Asociación Estadounidense de Psiquiatría (2013). Manual Diagnóstico y Estadístico de trastornos mentales (5.ª edición). Arlington: Editorial Médica Panamericana.
- Martínez Hernández, O., Montalván Martínez, O., Betancourt Izquierdo, Y. (2019). Trastorno bipolar. Consideraciones clínicas y epidemiológicas. Revista Médica Electrónica, 41 (2), 467-482.