Psicologia clínica

Hipomania: o que é, sintomas, causas e tratamento

Júlia Rovira
Por Júlia Rovira, Psicóloga. Atualizado: 13 janeiro 2021
Hipomania: o que é, sintomas, causas e tratamento

O transtorno bipolar é uma condição mental que, atualmente, ocupa a sexta posição entre todos os transtornos médicos. É caracterizado por mudanças no estado de humor, com episódios emocionais baixos (depressão) e com episódios emocionais altos (mania ou hipomania), alterando entre si.

Existem diferentes tipos de transtorno bipolar, como o tipo I (presença de sintomas maníacos, com ou sem a existência de episódios depressivos ou hipomaníacos), o tipo II (episódios de depressão maior seguidos de episódios hipomaníacos), a ciclotimia (vários períodos seguidos de hipomania e depressão leves), ou outras doenças, como a de Cushing, a esclerose múltiplas ou as induzidas por certos medicamentos ou drogas, que podem provocar os mesmos sintomas.

Nos episódios depressivos, o paciente pode se sentir triste, desanimado e desmotivado para seguir normalmente com sua vida. Por outro lado, nos episódios maníacos ou hipomaníacos, mesmo que os sintomas da hipomania sejam menos graves que os da mania, se caracterizam por sentir uma euforia extrema e vitalidade sem motivo aparente. Neste artigo de Psicologia-Online, explicaremos o que é exatamente a hipomania, seus sintomas, causas e seu tratamento.

Índice
  1. O que é a hipomania
  2. Sintomas da hipomania
  3. Diferença entre mania e hipomania
  4. Causas da hipomania
  5. Tratamento da hipomania

O que é a hipomania

A hipomania, na definição de Ernst Mendel (1839-1907), é uma mania de intensidade leve. Não é um transtorno em si, já que é uma manifestação do transtorno bipolar e se caracteriza por um desequilíbrio do estado de humor no qual surgem estados de excitação, euforia, insônia e pensamento acelerado.

Mania e hipomania

Estes episódios são leves e menos intensos que os episódios maníacos, já que os pacientes não apresentam sintomas psicóticos nem mudanças de comportamento, portanto, não sofrem tanto com as consequências na vida diária. Neste estado, os pacientes se sentem com a autoestima mais elevada, mais exaltados, mais criativos, não precisam dormir ou dormem poucas horas, pode haver um aumento do consumo de substâncias narcóticas e, frequentemente, ficam irritáveis.

Sintomas da hipomania

Para que um estado de hipomania seja considerado como tal, deve durar no mínimo quatro dias e este estado deve se manter durante praticamente o dia todo. A seguir, mostraremos os sintomas mais frequentes da hipomania, conforme aparecem no DSM-V (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders).

  • Sentimentos de grandeza ou aumento da autoestima.
  • Diminuição do sono (podem precisar de apenas 3 horas).
  • Verborreia (muita necessidade de falar o tempo todo).
  • Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que seus pensamentos passam em alta velocidade.
  • Distrações muito frequentes diante de estímulos externos irrelevantes.
  • Aumento da atividade social, profissional, escolar, sexual ou agitação psicomotora.
  • Envolvimento excessivo em atividades de alto risco, como jogos de azar ou compras compulsivas.

Estes sintomas devem ser considerados por outras pessoas do entorno do paciente como comportamentos anômalos e atípicos, e não estarem relacionados com os efeitos que diferentes substâncias, como medicamentos ou drogas, provocam.

Diferença entre mania e hipomania

A principal diferença entre um episódio maníaco e um hipomaníaco é a intensidade dos sintomas e o quanto afeta a vida diária da pessoa.

  • Os sintomas tendem a ser os mesmos, mas a mania, se comparada com a hipomania, provoca mais dificuldades na vida social, profissional e acadêmica de quem sofre com ela, já que seus sintomas são mais graves.
  • A mania geralmente se apresenta no transtorno bipolar tipo I e pode provocar sintomas psicóticos (desconexão com a realidade), mal-estar geral significativo e, nos casos mais graves, pode exigir hospitalização. A hipomania por outro lado, está relacionada com o transtorno bipolar do tipo II e a ciclotimia. Neste artigo você encontrará mais informações sobre a bipolaridade.

Causas da hipomania

Segundo diversas investigações, foi observado que existem diferentes fatores genéticos, ambientais e biológicos que podem influenciar na aparição da hipomania.

Existe um grande fator genético na hora de sofrer ou não desta doença mental, já que diversos estudos concluíram que pode haver mais de um membro diagnosticado de transtorno bipolar em uma mesma família. O sistema límbico, que pertence ao sistema nervoso central, é o encarregado de regular nosso estado de humor e, ao haver uma predisposição genética, este poderá ser afetado.

Os fatores ambientais, como sofrer de um elevado nível de estresse, experimentar episódios de violência, a aparição de um evento traumático na vida ou a falta de sono, podem ajudar a doença a se desenvolver e, portanto, alterar o estado de humor.

O consumo de substâncias, como o álcool ou outras drogas e certos medicamentos, podem contribuir com o aparecimento deste transtorno. De fato, é possível que os antidepressivos sejam os causadores da hipomania, já que podem provocar uma virada psíquica.

Tratamento da hipomania

É possível o tratamento farmacológico ou psicológico da hipomania, embora uma combinação de ambos seja o mais recomendável.

Farmacológico

Os medicamentos geralmente receitados para a hipomania são principalmente os estabilizadores de humor, como o lítio ou os antipsicóticos, já que se mostraram muito efetivos para tratar seus sintomas. É possível utilizar outros fármacos se o tratamento com estes medicamentos não for efetivo, de qualquer forma, o médico precisará receitar o fármaco mais apropriado para cada pessoa, em função de suas características, doenças prévias e sintomas.

Psicológico

Em relação ao tratamento psicológico, o enfoque cognitivo-comportamental é o mais utilizado, já que é possível fornecer ferramentas para enfrentar os sintomas ao paciente, utilizando técnicas de relaxamento, de respiração, terapias individuais e em grupo. Mas também é possível a utilização de outras terapias psicológicas, como a focada no cliente ou a terapia racional emotiva, que também apresentaram resultados efetivos. Aqui você encontrará mais informações sobre as técnicas da terapia cognitivo-comportamental.

É muito importante comer de forma saudável, fazer exercícios regularmente e descansar bem, já que ter bons hábitos pode ajudar a reduzir a intensidade dos sintomas e a ldiar melhor com eles.

Considerando que o transtorno bipolar é uma doença crônica, tanto os sintomas quanto as mudanças no estado de humor podem ser controlados através dos tratamentos que foram citados anteriormente. Desta forma, as pessoas que sofrem com ele poderão ter uma performance melhor e mais qualidade de vida.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • American Psychiatric Association (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders. Washington, DC.
  • Betancourt, Y., Martínez, O. y Montalván, O. (2019). Trastorno Bipolar. Consideraciones clínicas y epidemiológicas. Revista Médica Electrónica, 41(2), 467-482.
  • De la Torre, M.J. (2009). Tratamiento farmacológico del trastorno bipolar. Apuntes del curso de psicofarmacología aplicada, 2-32.
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1 comentário
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maria cristina Oliveira
Muito bom o artigo, esclarecedor, muito obg!
Equipe editorial (Editor/a de Psicologia-Online)
Olá, Maria Cristina, ficamos felizes que tenha gostado. Esperamos que continue nos acompanhando. Um abraço da equipe editorial de Psicologia-Online.
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