Razão e coração: como escolher entre os dois?
Você sabe quando seu coração ou sua razão estão falando? Sabe diferenciar? É uma dúvida muito comum e uma dificuldade constante, afinal estamos sempre tomando decisões e precisamos baseá-las em algo. Pare um pouco e reflita. E se na verdade seu coração nunca tivesse falado com você? E se, você estiver decidindo entre dois lados da sua razão?
Neste artigo você irá compreender que na verdade seu coração não fala e sua razão possui diversas falas. Ficou interessado(a)? Nesse artigo de Psicologia-Online, lhe mostraremos razão e coração: como escolher entre os dois?
Agir pela razão e não pelo coração
Muitos comentam que devemos agir pela razão e não pelo coração, mas no fundo nós não sabemos diferenciar, provavelmente porque não há um coração falante. O yogi Sadhguru conhecido mundialmente pelos seus fundamentos da yoga comenta que não é nosso coração que está falando, é nosso cérebro em idiomas diferentes.
É muito comum nós vivermos uma guerra interna, onde os combatentes são o coração e do outro lado a razão. Mas é exatamente quando colocamos um contra o outro que estamos aumentando nosso sofrimento.
Os seres humanos possuem uma tendência a uma visão “preto e branco”, com muita polarização, ou seja, 8 ou 80. Para escolhermos entre razão e coração precisamos antes falar sobre a importância do equilíbrio. Vamos mostrar um lado de cada vez.
Agir pela razão
Dentro da psicanálise existe o termo racionalização, é um mecanismo de defesa onde buscamos nos basear em evidências científicas ou apenas coisas palpáveis, ignorando possíveis sentimentos e emoções.
Isso ocorre, pois, agir de maneira racional torna a situação mais suportável para esse indivíduo. Geralmente acreditamos que a razão está ligada ao que devemos fazer.
Pensando um pouco sobre esse mecanismo, podemos compreender que talvez devido a esse processo quase que automático em alguns indivíduos, aprendemos a ignorar as palavras mais emocionais do nosso Eu por acreditarmos que essas não têm valor buscando sempre agir pela razão e não pelo coração.
Por exemplo: Preciso terminar esse relacionamento, pois ele já não é benéfico para mim.
Isso seria a parte “racional” e prática da sua mente, mas pense comigo, nesse exemplo você teria decidido finalizar esse relacionamento, mas não teria pensado nos seus sentimentos ao tomar essa atitude.
Muitas vezes, esses sentimentos que você ignora irão atrapalhar a sua tomada de decisão. Seu “coração” não te atrapalhou, você decidiu não perguntar como ele se sente perante isso, e quando ele reage, você não espera.
Agir pelo coração
Ainda falando do exemplo acima, mesmo que você coloque na isso na cabeça e acredite fielmente que o certo seria acabar com o relacionamento, muitas vezes você não consegue.
Então você fica culpando seu coração dizendo “Meu coração é burro, não sabe o que é melhor para mim” ou “eu preciso ignorar meu coração para fazer o certo”.
Seu coração não é burro, primeiramente, porque não é ele que está falando. É uma parte da sua razão que está mais vinculada as suas emoções.
As emoções não devem ser ignoradas - para tomar decisões é preciso saber como você realmente se sente perante a situação. Se você “ignorar seu coração”, você não tomará decisões equilibradas e provavelmente se sentirá um tanto infeliz com isso.
Equilíbrio entre razão e coração
Para encontrarmos um equilíbrio entre razão e coração vamos lembrar de alguns ensinamentos do mindfulness em conjunto com a DBT (Terapia Comportamental Dialética).
Para escolhermos entre razão e emoção, precisamos ter noção do que seria o desequilíbrio. Ele pode ser traduzido nas situações ou comportamentos que te prejudicam no seu dia a dia e que lhe incomodam.
Desequilíbrio Racional
Para as pessoas mais racionais, a emoção pode parecer uma distração em vez de um auxiliar. Contudo, ignorando as sensações e sentimentos, estamos ignorando também nossas vontades mais internas.
É necessário buscar incorporar um pouco mais as próprias emoções no dia a dia.
Desequilíbrio Emocional
Acontece quando estamos dominados pelas nossas emoções e nossa razão é ignorada.
Muitas vezes nosso humor depende de nossas emoções. Se deixarmos elas tomarem conta da forma que agimos iremos ser inconstantes e descontrolados.
É necessário um cuidado racional com os sentimentos, visto que eles sozinhos não conseguirão resolver todos os problemas.
A emocionalidade em excesso pode causar sérios prejuízos de maneira:
- Funcional;
- Social;
- Profissional;
- Pessoal.
Caso tenha dificuldades intensas para equilibrar suas emoções com sua razão, procure ajude de um profissional.
Como saber se estou em desequilíbrio entre razão e coração
Pergunte-se:
“No meu dia a dia eu estou agindo de maneira mais racional ou emocional?”
Para responder a essa pergunta lembre de como foram as suas últimas semanas. Nesse período, você:
- Usou apenas fatos e a razão - ignorando seus sentimentos e os sentimentos dos outros?
- Foi dominado pelas suas emoções? Seu humor estava volátil e você não conseguia ter autocontrole?
- Você usou os fatos e a razão buscando aceitar seus sentimentos e emoções tentando ter empatia com os demais?
Se você acredita que o 3º esteja mais parecido com sua realidade, você já está em um caminho certo do equilíbrio.
Caso você se encontre no 1º ou 2º, é necessário repensar a maneira como está agindo e reagindo as situações e emoções.
Como tomar decisões equilibradas?
Agora que temos mais noção do que seria agir de maneira equilibrada e desequilibrada, vamos em busca de como aplicar isso em nossa vida. Conseguimos entender que não precisamos escolher entre razão e coração, nós iremos lidar com eles em conjunto.
Para tomarmos decisões precisamos entender que todas elas envolverão ganhos e riscos. Para resolvermos de maneira sábia precisamos buscar a inteligência emocional.
No livro "O emocional inteligente" [1]comenta-se:
“As mensagens registradas no cérebro, vindas do mundo exterior, se por um lado contribuem para a segurança na tomada de decisões, por outro podem enrijecer a mente e canalizar a percepção para um olhar pequeno e restrito da realidade.”
Sabendo disso, a flexibilidade é a essência de uma boa decisão entre razão e emoção.
Acalme a ansiedade
Não tome decisões em um ambiente estressante, retire-se e pense um pouco. Respire fundo e entenda que a maioria das decisões podem ser tomadas com um tempo de espera.
O que isso quer dizer?
A maioria das vezes que você sentiu que precisava tomar uma decisão rápida, provavelmente, você não precisava de verdade. Mas suas emoções atrapalharam seu julgamento.
Quando tirar esse tempo para pensar, você já estará começando a ter equilíbrio entre razão e coração.
Tomada de decisão em equilíbrio
- “Qual é a situação em que eu me encontro?”
- “O que eu acredito que seja o certo a fazer?” (racionalmente falando)
- “Eu consigo realmente lidar com isso agora? Se eu tomar essa decisão vou conseguir cumprir com ela?"
- “Caso eu acredite que não consiga cumprir com ela, por que eu não consigo? O que está me impedindo?”
Existem decisões que serão difíceis enquanto outras mais simples.
Escute seus sentimentos e equilibre com sua razão. Nada é 100% perfeito, provavelmente você não terá tudo que você quer. E compreender isso ajudará em suas decisões e na sua busca de equilíbrio.
E agora, como se sente? Mais preparado para escolher entre razão e coração?
Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
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MARTINS, Vera. O Emocional Inteligente: Como usar a razão para equilibrar a emoção. [S. l.]: Alta Books, 2018. 224 p. ISBN 9788550809786, 8550809780.
Linehan, Marsha M. Treinamento de habilidades em DBT : manual de terapia comportamental dialética para o terapeuta [recurso eletrônico] / Marsha M. Linehan ; tradução: Henrique de Oliveira Guerra ; revisão técnica: Vinícius Guimarães Dornelles. – 2. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2018;
Linehan, Marsha M. Treinamento de habilidades em DBT : manual de terapia comportamental dialética para o paciente [recurso eletrônico] / Marsha M. Linehan ; tradução: Daniel Bueno ; revisão técnica: Vinícius Guimarães Dornelles. – 2. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2018.