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Tipos de neurônios: função e anatomia

 
Pol Clapers Guardi
Por Pol Clapers Guardi, Psicólogo. 5 novembro 2019
Tipos de neurônios: função e anatomia

Desde o ato de saborear um sorvete de chocolate, passando por uma turbulenta dor de barriga até decidir que durante uns meses você não comerá mais sorvete, os neurônios assumem um papel chave em todo esse processo. Os neurônios governam os nossos sentidos e sensações, são eles que nos permitem pensar, decidir, ter emoções e muitas outra coisas que formam a nossa mente e nos fazem ser quem somos. O que são neurônios? Quais são as suas funções e como é a sua anatomia? Se você quer saber mais sobre essas pequenas e importantes células, continue lendo esse artigo de Psicologia-Online - Tipos de neurônios: função e anatomia. Aqui, você encontrará toda a informação sobre os 9 tipos de neurônios existentes, assim como a sua estrutura e as suas múltiplas funções.

O que são neurônios

Os neurônios são células altamente especializadas que formam parte do sistema nervoso do nosso corpo, encontrando-se sobretudo no cérebro. São definidas como "células mensageiras" pela sua capacidade de receber e emitir sinais elétricos e químicos, sendo portanto transmitir informação a outras células do organismo a sua principal função. Formam, entre si, redes neuronais a partir de sinapses que executam uma grande diversidade de funções complexas no sistema nervoso, desde o movimento para nos levantarmos da cama, processar o sabor do jantar até funções mentais superiores como decidir que camisa vamos usar hoje.

Anatomia dos neurônios

Devido à multiplicidade de funções que podem chegar a desempenhar, existe uma diversidade de tipos de neurônios, dependo da sua especialização. Por sua vez, essa especialização é refletida na variedade estrutural que cada um deles apresenta. Não obstante, todos os neurônios compartilham partes estruturais que os definem como tal.

Neurônio: partes

As partes do neurônio são as seguintes:

  • Corpo celular: é o corpo da célula, onde reside o núcleo e a maioria das estruturas citoplasmáticas. Também pode ser chamado de pericarion. Os dendritos e o axônio nascem dele.
  • Dendritos: são prolongações pequenas e ramificadas que saem do corpo celular cuja função é recever informação de outras células.
  • Axônio: é a prolongação do neurônio encarregue de enviar impulsos nervosos a outras células. A sua longitude é variável, podendo chegar a mediar até um metro. Está coberto de mielina, uma substância que protege o axônio e aumenta a velocidade de transmissão dos impulsos.

Embora todos os neurônios compartilhem essas estruturas, o seu tamanho e morfologia estão sujeitos a sua função e localização no corpo humano. No sistema nervoso central (SNC), a maioria de neurônios apresenta uma grande quantidade de ramificações, dando um formato estrelado aos seus corpos celulares, alguns como forma piramidal, dependendo da zona cerebral onde encontram. No caso dos neurônios do sistema nervoso periférico (SNP), seus axônios são extensos para poder viajar até aos músculos ou aos órgãos sensoriais.

Função dos neurônios

O corpo humano realiza um número impressionante de tarefas com diferentes níveis de complexidade cada instante e cada dia. Os neurônios se encarregam de levar todo o tipo de informação entre o cérebro e o corpo para poder operar com normalidade. Dada a imensa pluralidade de informação que se chega a transmitir, é inevitável que os neurônios se tenham acabado especializando e que tenham surgido diferentes tipos de neurônios. Ainda assim, a fundamental função dos neurônios é a tarefa de receber e dar informação.

A forma como os neurônios se comunicam uns com os outros é conhecida como sinapse. Ocorre entre o axônio de um neurônio e o dendrito de outra, enviando informação a partir da liberação de moléculas chamadas neurotransmissores ou iões de sódio no espaço entre os dois neurônios, chamado espaço sináptico.

Tipos de neurônios

Os neurônios são as células do sistema nervoso que enviam e recebem informação. Devido à quantidade de funções que realizam, se especializaram e podemos encontrar diferentes tipos de neurônios segundo a função que realizam e o seu formato. Os principais tipos de neurônios são os seguintes:

  1. Neurônios motores ou eferentes
  2. Neurônios sensitivos ou aferentes
  3. Interneurônios
  4. Neurônios unipolares
  5. Neurônios bipolares
  6. Neurônios pseudounipolares
  7. Neurônios multipolares

Classificação dos neurônios

Os neurônios podem ser classificados de muitas formas, sendo que as mais comuns são a sua função e o seu formato. Se consideramos a função de um neurônio, pode ser reduzida à comunicação de impulsos nervosos, mas a procedência, o destino e a finalidade desses sinais permite classificá-los em diferentes grupos: motores ou eferentes, sensitivos ou aferentes, e interneurônios. Se, por outro lado, queremos fazem uma classificação de neurônios pelo seu formato, encontraremos neurônios unipolares, neurônios bipolares, neurônios pseudounipolares e neurônios multipolares. Em seguida, explicamos as características dos diferentes tipos de neurônios:

Neurônios motores ou eferentes

Os neurônios motores enviam impulsos nervosos aos músculos desde o sistema nervoso central, o que permite o movimento e a coordenação muscular voluntária. Também se encarregam dos músculos lisos e estriados, ou seja, os responsáveis pelo batimento do coração ou o movimento intestinal.

Neurônios sensitivos ou aferentes

Os neurônios sensitivos enviam informação de todos os órgãos sensoriais ao sistema nervoso central para que sejam processados. São enviados os cinco sentidos perceptivos tradicionais (visão, audição, tato, olfato e paladar) e os sentidos somáticos (termorrecepção, nocicepção, propriocepção, equilibriocepção).

Interneurônios

Este tipo de neurônios conectam exclusivamente com outros neurônios, criando extensas redes neuronais para processos mentais complexos como o pensamento. A maior parte desses neurônios encontram-se no SNC, mas também existem mais além do cérebro. No sistema nervoso periférico, os neurônios encarregues dos movimentos de ato reflexo são interneurônios, uma vez que requerem uma resposta rápida.

Neurônios unipolares

Encontram-se, sobretudo, nos invertebrados. Possuem uma única prolongação que se usa tanto como axônio como dendrito em suas ramificações. Não têm dendritos do corpo celular.

Neurônios bipolares

São, sobretudo, neurônios sensitivos. Parecem ter dois axônios opostos, mas uma das prolongações é o dendrito, preparado para receber muita informação sensorial.

Neurônios pseudounipolares

À primeira vista, parecem unipolares por apenas terem um axônio. Quando vistos de perto, é possível observar que a prolongação tem, na verdade, duas pontas, uma recebendo informação e a outra enviando, como se fosse um tubo. Estão altamente implicadas no sentido de tato e dor.

Neurônios multipolares

São os mais abundantes. Apresentam dendritos no corpo celular e um axônio. Podem ser separados em dois grupos, dependendo da longitude do axônio:

  • Tipo Golgi I: estes neurônios têm um axônio longo para, assim, estabelecer conexão com células distantes. Aqui, entram também dois tipos de neurônios multipolares. Em primeiro lugar, os neurônios piramidais: como o nome indica, possuem um formato cónico e encontram.se em diferentes partes do córtex cerebral, assim como no hipocampo e na amígdala. São dos maiores neurônios do nosso corpo. Em segundo, os neurônios Purkinje: o seu nome tem origem no cientista que os descobriu, Jan Evangelista Purkinje. Localizam-se no cerebelo e a sua característica estrutural principal é a extensa ramificação dos dendritos desses neurônios, fazendo com que o seu formato se pareça a uma árvore.
  • Tipo Golgi II: são neurônios com um axônio curto para conectar-se com neurônios ou células próximas.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • Haykin, S. (1994). Neural networks: a comprehensive foundation. Prentice Hall PTR.
  • Solms, M., Turnbull, O., Sacks, O., & Jaramillo, D. (2004). El cerebro y el mundo interior: una introducción a la neurociencia de la experiencia subjetiva. Fondo de Cultura Económica

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