Psicologia clínica

Hafefobia: o que é, causas, sintomas e tratamento

 
Gianluca Francia
Por Gianluca Francia, Psicólogo. 28 outubro 2021
Hafefobia: o que é, causas, sintomas e tratamento

No mundo ocidental atual, o contato corporal frequentemente é substituído pelo verbal. Os abraços são reservados sobretudo para situações muito emocionais e ritualizadas, tais como matrimônios, funerais, vitórias esportivas. Inclusive onde se permite e se tolera, raramente se abraça com plenitude e espontaneidade.

Muitos tabus sociais limitam o contato corporal a poucas situações íntimas e de maneira muito esquiva. Além disso, o contato corporal também se percebe como hostil devido a medos e a desconfiança dos outros. Quando este medo se converte em fobia, a evitação obriga a pessoa a praticar um comportamento de fuga.

O medo de ser tocado por outra pessoa, definido em termos técnicos como hafefobia, é bastante frequente, mas também encoberto. Neste artigo de Psicologia-Online, iremos descobrir o que é a hafefobia, suas causas, sintomas e os tratamentos recomendados.

Índice
  1. O que é a hafefobia
  2. O que causa a fobia de toque
  3. Sintomas da hafefobia
  4. Consequências da hafefobia
  5. Tratamento da hafefobia

O que é a hafefobia

Todos temos nossas fobias. Existem vários tipos de fobias. Há quem tem medo de sangue, outros das aranhas, quem tem medo de cachorros, claustrofobia ou agorafobia. Os que sofrem de hafefobia são pessoas que têm medo de serem tocadas e/ou estabelecer qualquer contato físico com os demais.

O que, exatamente, significa hafefobia? Objetivamente, implica grande mal-estar, se não repulsa, a respeito do contato físico, tanto dado como recebido. Tal fobia é dada por uma hipersensibilidade proxêmica do sujeito, interpretando o contato físico no subconsciente como uma invasão da zona íntima própria ou de outrem. Às vezes, a repulsa se limita ao contato com uma pessoa do sexo oposto.

O que causa a fobia de toque

A pessoa com hafefobia tenta se proteger da invasão por parte de outros, de sua esfera íntima e emocional. Frequentemente, de fato, na base deste medo há um trauma que não foi superado, geralmente de tipo sexual, como um abuso passado nunca abordado que ainda ecoa; este é o caso da hafefobia pelas pessoas do sexo oposto. Vejamos com detalhes as principais causas da hafefobia:

  • Lembranças de uma agressão sexual: impedem que a pessoa se deixe levar ou confie em alguém, por medo de que possa voltar a ocorrer e inesperadamente se sentir prejudicado.
  • Negligência emocional: consequência de situações vividas com os pais ou na infância ou, pelo contrário, uma defesa contra a intrusão destes em sua própria vida.
  • Ausência ou a excessiva presença parental: pode endurecer a pessoa como um tronco de madeira, tendendo a se acostumar à presença do outro ou, em outros casos, a se proteger contra a invasão dos próprios espaços.
  • Medo de ser contaminado: se sentir sujo, ou medos mais íntimos, de natureza sexual, como o medo da penetração ou a elevada percepção de dor que o ato sexual pode gerar, tratados no âmbito da psicosexologia.

Sintomas da hafefobia

A hafefobia entra na classificação das fobias específicas, condições clínicas caracterizadas por uma forte ansiedade e/ou medo por um objeto ou por uma situação específica. Estar junto de alguém no trem ou no elevador, abraçar ou tocar a mão de outros, pode desestabilizar a pessoa, provocando assim uma sensação de rejeição incontrolável.

A ansiedade provocada pela exposição ao estímulo fóbico também pode se manifestar na forma de um verdadeiro ataque de pânico. Portanto, os sintomas da hafefobia podem estar relacionados com a ansiedade ou o estresse. Vejamos quais são a seguir:

  • Taquicardia.
  • Sudoração.
  • Dor no peito.
  • Asfixia.
  • Náuseas.
  • Vertigem.
  • Tremor.
  • Hiperventilação.
  • Formigamento.
  • Sensação de desmaio ou de ficar louco.
  • Perder o controle.
  • Alerta constante.
  • Medo de morrer.

Consequências da hafefobia

As pessoas que não gostam de serem tocadas podem sentir o contato físico como excessivo ou, até mesmo, doloroso para alguém do sexo oposto ou, de forma generalizada, por todos. Nestes casos, as consequências da hafefobia podem ser as seguintes:

  • A hafefobia pode acabar na agorafobia, isto é, a evitação de situações ou lugares nos que se pode tocar.
  • A pessoa se vê induzida a crer que o outro quer constantemente tocá-lo ou violá-lo.
  • Não ser muito propenso às relações interpessoais, chegando a evitar os encontros.

Em qualquer caso, para poder formular o diagnóstico de fobia específica, é necessário que o mal-estar provocado por essa fobia interfira de maneira significativa no funcionamento social, escolar ou profissional do indivíduo.

Tratamento da hafefobia

Como tratar a hafefobia? A psicoterapia é o tratamento escolhido para este tipo de transtorno. Dentro da relação terapêutica será possível voltar a dar um sentido à distância e ao contato com os outros. Isto acontece reconstruindo o que impulsionou o sujeito a construir esta reação defensiva em relação ao outro.

A fobia ao tato é um medo ligado à confiança. A psicoterapia permite identificar e processar situações traumáticas ou de descuido emocional que podem ter desestabilizado a confiança pelos demais.

A psicoterapia recupera, enfrentado o trauma, as feridas passadas e restabelece uma nova perspectiva dos acontecimentos. Evitar o contato físico não permite se proteger, mas sim criar mais distância, comprometendo as relações interpessoais. Neste artigo, falamos sobre a comunicação interpessoal.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
  • BRUNO, F., Canterini, S. (2018). La scienza degli abbracci. Alla scoperta del nostro cervello socio-emotivo. Milán: Franco Angeli.
  • GARDA, V. (2010). Come vincere le paure. Roma: Sovera Edizioni.
  • TRIPPUTI, F. (2021). Afefobia: la paura del contatto fisico. Disponível em: <https://filomenatripputi.it/afefobia/> Acesso em: 28 de outubro de 2021.
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