Psicologia cognitiva

O que são as funções executivas

O que são as funções executivas

Nos últimos dez anos, a literatura científica começou a se ocupar do desenvolvimento das funções executivas desde a idade pré-escolar, com especial atenção ao sistema de atenção. Mas, ao que nos referimos exatamente quando falamos de funções executivas?

Quando temos um propósito, para alcançar planejamos e desenvolvemos nosso comportamento. As funções executivas são, pois, os diferentes processos mentais que se colocam em prática no momento em que se tenta perseguir um fim. Neste artigo de Psicologia-Online, veremos juntos o que são as funções executivas.

Índice
  1. O que são as funções executivas
  2. A inibição
  3. A memória de trabalho
  4. A flexibilidade cognitiva
  5. O planejamento
  6. A tomada de decisões
  7. O estabelecimento de metas
  8. A antecipação
  9. A organização
  10. A fluidez
  11. Como trabalhar as funções executivas
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O que são as funções executivas

A expressão "funções executivas" apareceu em 1983 quando Muriel Lezak a utilizou para se referir àquelas habilidades cognitivas que fazem com que um indivíduo seja capaz de realizar um comportamento independente, orientado e adaptativo.

Com efeito, as funções executivas podem se definir como um conjunto de capacidades responsáveis por controlar e regular outras funções cognitivas e o comportamento. Objetivamente, trata-se da capacidade de processamento seletivo da informação e de sua manutenção, ao menos no que diz respeito às mais importantes, durante a realização de uma tarefa.

As funções executivas estão relacionadas com os seguintes cenários:

  • No planejamento de estratégias de resolução de problemas.
  • Na continuação de seu comportamento.
  • Inibição de respostas comportamentais inadequadas para o contexto, isto é, o autocontrole.
  • Na capacidade de mudar rapidamente de uma tarefa a outra (mudança de ritmo ou flexibilidade cognitiva)
  • Na manutenção da informação e sua manipulação para realizar uma tarefa (working memory)
  • Na atualização contínua da informação.
  • No conhecimento da sequência temporal dos eventos.
  • Na capacidade de abstração e categorização de estímulos e eventos.
  • Na vontade de iniciar as ações (determinação).
  • Na realização de ações que exigem um distanciamento dos comportamentos habituais e estereotipados (comportamento estratégico).
  • Na manutenção da atenção durante o tempo.

Portanto, as funções executivas permitem manipular as ideias mentalmente, adaptarmos rapidamente às circunstâncias com constante mudança, raciocinar, permanecer concentrados e enfrentar novos desafios. Além disso, permitem tomar decisões e exercer controle sobre o que fazemos.

A inibição

Uma das funções executivas é a inibição. O termo inhibition se refere à capacidade de controlar a interferência de estímulos irrelevantes com respeito à tarefa que está se desenvolvendo e de diminuir esta interferência para alcançar de maneira funcional o objetivo fixado.

Portanto, a inibição pode se referir a respostas predominantes, a respostas conflitantes ou a respostas em curso. Sem um controle inibidor, todos seríamos reféns de nossos impulsos o tempo todo.

A memória de trabalho

A memória de trabalho implica manter a informação na mente e a capacidade de processar, trabalhar e manipular as mesmas. O modelo multifatorial de Baddeley e Hitch (1974) prevê a existência de um sistema atencional supervisor (sistema executivo central) que controla o fluxo informativo e de dois subcomponentes:

  • O ciclo fonológico: considera a informação verbal.
  • O caderno visuo-espacial: considera a informação visual e a espacial.

Ambos os subcomponentes se caracterizam por um reservatório, o buffer, destinado à conservação da pista na forma fonológica-acústica ou visuo-espacial, integrando um sistema de reiteração para a repetição da pista.

A inibição e a memória de trabalho são funções executivas que estão estreitamente relacionados entre si. É preciso ter claro que o objetivo a ser seguido para poder conhecer o que é relevantes e o que não é para alcançá-lo. Além disso, é importante manter a concentração em seu objetivo, através de todas interferências externas e internas. Neste artigo, te mostramos como melhorar a concentração com as estratégias mais efetivas.

O que são as funções executivas - A memória de trabalho

A flexibilidade cognitiva

O terceiro núcleo das funções executivas é a flexibilidade cognitiva, isto é, a capacidade de mudar de perspectiva (espacial ou interpessoal). A capacidade de ser flexível e se adaptar às mudanças que são produzidas no entorno e que nos permitem mudar o padrão de comportamento como resultado de um feedback externo.

Para que isto seja possível, a flexibilidade cognitiva requer a presença das capacidades de inibição e a manutenção da memória da informação.

O planejamento

O planejamento pode ser definido como um conjunto de atividades cognitivas que antecipam e regulam o comportamento e permite criar e organizar uma sequência de ações necessárias para realizar comportamentos orientados a objetivos específicos.

Em outras palavras, esta habilidade permite decompor uma ação complexa em uma série de passos simples de serem seguidos. A nível anatômico, a região em que se desenvolve esta capacidade é do córtex pré-frontal. Esta capacidade desempenha um papel fundamental na vida cotidiana, para poder realizar de forma eficaz tanto ações mais simples, como ações mais complexas.

O planejamento é uma das funções executivas que se desenvolve ao longo de toda a infância, cresce gradualmente e adquire importância, sobretudo durante os anos escolares. Participa na solução de problemas aritméticos e na correta execução de todas as tarefas que requerem a realização de um objetivo através de uma série precisa de ações.

A tomada de decisões

Cada um de nós enfrenta diariamente a múltiplas realidades e situações, mais ou menos conhecidas, e interage em diferentes contextos de trabalho, sociais e relacionais que requerem a aplicação de comportamentos intencionais e opções benéficas para resolver problemas e para definir e alcançar objetivos cada vez mais complexos.

Com efeito, durante o processo de resolução de um problema, é fundamental para o indivíduo construir uma representação mental do problema e, partindo dele, conceber o caminho correto para resolvê-lo. Sendo assim, por tomada de decisão se entende a função executiva vinculada à capacidade de decisão e à capacidade de modular a percepção da recompensa e do castigo com a finalidade de realizar opções vantajosas.

Neste artigo você encontrará informações sobre os passos do processo de tomada de decisões.

O que são as funções executivas - A tomada de decisões

O estabelecimento de metas

A definição dos objetivos não apenas permite tomar o controle de nossas vidas, mas também proporciona um ponto de referência para determinar se realmente estamos tendo sucesso. O processo de definição de objetivos é o seguinte:

  1. Começa com uma atenta consideração do que se quer conseguir.
  2. No meio, algumas passagens bem definidas que transcendem as especificações de cada objetivo.
  3. Acaba com trabalho duro.

Precisamente, é a função executiva que, com sua ação sinérgica e integrada, torna possível a representação mental da tarefa, que inclui tanto a informação relevante codificada na memória como os objetivos futuros que devem ser alcançados.

A antecipação

Na hora de fazer um planejamento eficaz, é necessário antecipar e levar em consideração as consequências de uma ação sobre as outras. Dentro das funções executivas, a antecipação é o processo de especulação imaginativa sobre o futuro. O cérebro utiliza informações como a gravidade, a curvatura e os obstáculos para fazer uma predição.

A organização

Entre as funções executivas encontramos também a organização, isto é, as ações que realizamos em sequências hierárquicas para alcançar metas e objetivos, assim como da ordem do próprio espaço e dos materiais.

Portanto, as funções executivas se inserem entre aqueles processos cognitivos definidos como superiores, já que desempenham um papel fundamental no comportamento "inteligente", isto é, adequado e adaptado a cada situação. De forma definitiva, as funções executivas ajudam e condicionam o comportamento para sair de situações complexas.

O que são as funções executivas - A organização

A fluidez

A fluidez é aquela função executiva que pode ser explicada como uma capacidade de pensamento divergente, mas também a capacidade de gerar soluções novas e diferentes a respeito de um problema concreto e complexo.

Como trabalhar as funções executivas

As funções executivas podem ser melhoradas através de ciclos de reabilitação cognitiva, como qualquer função cognitiva. De fato, tendem a melhorar quanto mais as treinamos.

Independentemente do enfoque de reabilitação utilizado, sempre é importante a terapia psicológica e desenvolver uma relação com o paciente. O dano cerebral às funções executivas pode implicar uma redução da motivação, problemas comportamentais ou anosognosia, isto é, incapacidade de reconhecer um déficit cognitivo.

Atividades para trabalhar funções executivas

Agora que você já sabe o que são as funções executivas, pode querer saber como trabalhá-las. O tratamento para potencializar as funções executivas pode se basear nos seguintes aspectos:

  • Gestão do tempo.
  • Organização do espaço físico.
  • Planejamento das atividades cotidianas.

O terapeuta pode proporcionar situações objetivo a dificuldades crescentes sobre as quais elaborar um planejamento de atividades hipotéticas, como um café da manhã, um programa recreativo ou qualquer outro acontecimento significativo para o paciente.

Outras atividades para trabalhar as funções executivas podem ser treinamentos que estimulem indiretamente estes fatores:

  • Trabalhar a memória prospectiva.
  • Trabalhar as funções de atenção.
  • Realizar intervenções comportamentais que reduzam as ações disfuncionais.
  • No caso das pessoas com incapacidades graves, o mais adequado é procurar reabilitação individual e realizar atividades em casa todos os dias.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.

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Bibliografia
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  • Gasperini, G. (2018). Le funzioni esecutive. Recuperado de: https://www.neuropsicomotricista.it/argomenti/688-tesi-di-laurea/fai-come-me-imitazione-ed-ampliamento-delle-competenze-comunicative/3753-le-funzioni-esecutive.html
  • Vicari, S., Di Vara, S. (et al.) (2017). Funzioni esecutive e disturbi dello sviluppo. Diagnosi, trattamento clinico e intervento educativo. Trento: Erickson.
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Cibele Lopes
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